31 dezembro 2005

Foto do dia


Manifestação na Indonésia

Foto@EPA/Mast Irham

Activistas indonésios transportam cartazes perto do Palácio Nacional em Jakarta, num protesto contra a forma como os Estados Unidos têm combatido o terrorismo.

in www.sapo.pt

O fim de um ciclo...

A vida política portuguesa parece-se com o sistema operacional de um computador. Tudo é previsível, tudo está programado, sem espaço para rupturas. A campanha para as presidenciais é o exemplo perfeito disso.

Num país que substituiu os "vencidos da vida" pelos "convencidos da vida", estas eleições são o epílogo de três décadas de democracia. Fecha-se um ciclo de dirigentes. Veja-se o que sobra da candidatura de Manuel Alegre: pó.

Algo que nunca ficará para a história. Alegre, a partir de um partido político maioritário, poderia ter emergido como o pau na engrenagem dos jogos de poder. O problema é que ele não soube interpretar a ruptura.

É apenas a "voz moral" que sempre conviveu com o "status quo" partidário. Louçã e Jerónimo de Sousa são pirogas perdidas no meio do oceano. Restam Cavaco e Soares para travar o último combate de um ciclo político.

O ajuste de contas entre eles marcará as primeiras semanas de 2006. Mas, depois deles, uma nova geração de políticos terá de se colocar em bicos de pés para vislumbrar Belém. Serão muito diferentes de Soares e Cavaco.

Pertencerão a um núcleo de líderes menos ideológicos e mais pragmáticos. A política em Portugal será diferente.

A dúvida é se será mais estimulante.

Fernando Sobral in Jornal de Negócios - 30/12/2005

Fernando Sobral, apesar de pertencer a uma geração menos jovem, dava um excelente Gladiador! Traduz em 7 parágrafos aquilo que centra hoje as reflexões e diagnósticos feitos à política e aos políticos portugueses. Falta apenas aqui a pescrição para tão exemplar diagnóstico!


30 dezembro 2005

A escalada de Soares - II

Escreveu fmb a 9 de Dezembro:

«Mário Soares está a ficar desesperado. O tom das suas intervenções sobe constantemente. Não faltará muito até chamar fascista a Cavaco. No início, não o fará directamente. Fará por exemplo uma comparação entre as cargas policiais do antigo regime e as do tempo em que Cavaco era 1º ministro. Algo assim do género. Depois vai relembrar-nos o seu passado antifascista, vai convocar os capitães de Abril que o apoiam, etc. Terminará explícito, ou quase. Terminará como o filho João nas vésperas das autárquicas de 2001, a falar para o ar sobre a Esquerda ou a Liberdade. E o país a querer simplesmente que lhe resolvam os problemas. Findará a afirmar-se como o candidato de Esquerda que vai salvar o país da Direita. E o país a passar-lhe ao lado. Acabará a tentar alarmar todos com o perigo do "outro" vencer. E o país, farto, a dar a vitória ao "outro". O debate entre Cavaco e Soares foi mais um momento desta atitude em escalada de Soares. Que barbaridades dirá ele na última semana de campanha, meu Deus? Até tremo...»

Pois bem, meu caro fmb, a escalada de Soares ainda vai no adro!

Hoje já culpa os jornalistas de não ligarem as máquinas de filmar...

Amanhã, vai culpar o farmacêutico porque lhe trocou os comprimidos...

Enfim, e o Povo feliz e contente prepara mais um reveilon!

28 dezembro 2005

Soares sempre presente

Esta resposta confusa de Mário Soares quase não passou nas televisões portuguesas. Porque será?

(via A Fábrica)

Perspectivas Financeiras da UE

Quem quiser conhecer melhor as Perspectivas Financeiras da UE que foram recentemente acordadas, visite o site do eurodeputado Carlos Coelho. Aqui poderá ver um bom resumo do que esteve e está (ainda falta o Parlamento Europeu aprovar) em jogo; e aqui poderá ver um pertinente comentário final de Carlos Coelho. Mas para além destes dois textos há muito mais informação sobre o tema.

Aliás, todo o site é um impressionante manancial de informação sobre a União Europeia. Quando tiver uma pesquisa a fazer sobre a UE, recomenda-se que procure também lá. E mesmo que não tenha, não perde nada em visitar o site regularmente, há sempre informação interessante a descobrir - e que nos afecta mais do que por vezes pensamos.

27 dezembro 2005

Crise? Qual crise?

Portugueses levantaram 115 milhões no dia 23 de Dezembro

Novo recorde na utilização das caixas automáticas. Montante dá uma média de 75 euros por levantamento. Apesar da crise, portugueses levantaram, desde o início do mês e até ao dia de Natal, 1,7 mil milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 12 por cento, face a 2004.

Os portugueses levantaram 115 milhões de euros das caixas Multibanco em todo o país no dia 23 de Dezembro, o que representa um novo recorde no levantamento de dinheiro das caixas automáticas, noticiou hoje o Correio da Manhã.

Na antevéspera de Natal foram feitas nas 10.550 caixas automáticas da rede Multibanco, gerida pela Sociedade Interbancária de Serviços (SIBS), mais de 1,5 milhões de operações de levantamento.

Estas operações totalizaram 115 milhões de euros (mais de 23 milhões de contos na moeda antiga), o que dá uma média de 75 euros por levantamento.

Quanto às compras efectuadas nesse mesmo dia através da SIBS, atingiram os 2,7 milhões de operações, totalizando 138 milhões de euros, uma média de 50 euros por cada comprador.

Apesar da crise, os portugueses levantaram no Multibanco, desde o início de Dezembro até ao dia de Natal, a 25 de Dezembro, mais de 1,7 mil milhões de euros.

Este valor representa um acréscimo de 12 por cento face ao período homólogo de 2004.

Somando as verbas levantadas às das compras efectuadas nas lojas via Multibanco, verifica-se que os portugueses gastaram no Natal 3,7 mil milhões de euros, adianta o CM.

in Portugal Diário, 27.12.2005

24 dezembro 2005

Feliz Natal!


Para todos os Gladiadores e Gladiadoras um Feliz e Grande Natal!

E já agora um "pequeno" esclarecimento:

Foi o S. Nicolau que inspirou o Pai Natal. Encontramos, na representação do Pai Natal, todo o simbolismo da personagem de S. Nicolau: S. Nicolau ocupa um lugar priviligiado na tradição popular do Norte e do Leste da França, da Bélgica, da Holanda e do Luxemburgo. Na origem, S. Nicolau era o Santo Bispo de Myre (Lycie, Ásia Menor). A sua grande popularidade deve-se, essencialmente, à sua lenda. Não se conhece quase nada da sua vida. Foram-lhe atribuidos muitos milagres: salvou três oficiais condenados injustamente; interviu para preservar a honra de três donzelas; salvou barcos a afundarem-se; ressuscitou crianças, etc...

A festa de S. Nicolau - é ela que explica a importância que lhe dedicam alguns países da Europa - próxima do Solstício de Inverno, os serões entre mulheres, para a preparação dos próximos casamentos, a matança do porco (animal que representa um antigo símbolo pagão do mundo celta e germânico) assinalam uma passagem decisiva da vida na Terra e na existência daqueles que dela vivem. Antigos rituais de fecundidade estão na origem dos "charivaris" organizados pelos homens mais jovens destinados a assustar as jovens mulheres evocando o espírito dos mortos.

Ao longo dos anos, esta prática degenerou e tornou-se na festa contemporânea das crianças. A barba branca comprida de S. Nicolau encontramo-la no Pai Natal, a mitra de bispo transformou-se em boné, o casaco vermelho comprido encolheu. O Pai Natal viaja num trenó puxado por renas. S. Nicolau viajava montado num burro. por este motivo, em algumas regiões de França, as crianças colocam debaixo do pinheiro de Natal, um copo de vinho para o Pai Natal e uma cenoura para o burro. O companheiro de S. Nicolau (que se chamava o "Père Fouettard", "Dame Perchta", "Hans Trapp" ou "Frau Hollé", consoante as regiões) participa directamente no simbolismo da fecundidade. Na lenda o "Père Fouettard" "o chicotadas" acompanhava-o para repreender as crianças que não se portaram bem.

A lenda instalou-se em toda a França e na Europa, e cada país ou região introduziu-lhe certas particularidades locais para uma melhor identificação da personagem.
Cada região de França adaptou a lenda de S. Nicolau à sua maneira e deu-lhe um nome diferente: " Chalande" na Savoie, " Père janvier " na Bourgogne e em Nivernais, " Olentzaro " no país basco ou ainda " Barbassionné " na Normandia.

Para os americanos, S. Nicolau é Sinter Klaas mais conhecido por Santa Claus. Na alemanha chama-se SANTA KLAUS.Com a emigração dos alemães e dos holandeses no século XVII, o S. Nicolau foi levado para os Estados Unidos. Na América teve o desenvolvimento comercial que é do nosso conhecimento actual, transformou-se na sua maneira de vestir e na sua forma cultural para se tornar num Pai Natal mais convivial e em seguida regressou à Europa.

No século XIX, o escritor americano, Clément Clark, que era pastor, escreveu um conto de Natal para crianças, no qual aparece uma personagem simpática, alegre, sorridente. O Pai Natal tinha começado a adquirir os seus aspectos mais nobres. No trenó puxado por oito renas, começou a fazer sonhar milhões de crianças.

Neste conto, publicado em 1821, o Pai Natal é uma interpretação da lenda de S. Nicolau. A mitra foi substituída pelo boné, o báculo pela cevada, o burro por oito renas espertas. O S. Nicolau deixou de ser acompanhado pelo "Pére Fouettard".
Em 1809, o escritor Washington Irvig já tinha relatado as viagens aéreas de S. Nicolau durante a tradicional distribuição das prendas. É esta uma das razões pela qual o mito do Pai Natal fez sonhar tantas crianças.
Nesta época, O S. Nicolau era uma personagem distinta do Pai Natal. Foi a imprensa americana que reuniu num só e mesmo ser as diferentes personificações distribuidoras de prendas.

A publicação do famoso poema de Clement Clarke Moore, publicado pela primeira vez no jornal Sentinel, de Nova York, no dia 23 de Dezembro de 1823, intitulado "A Visit From St. Nicholas" contribuiu ainda mais para a unificação das personagens. Recontado nos anos seguintes por importantes jornais diários americanos, esta história foi traduzida e relatada, mais tarde, em muitas línguas em todo o mundo.
Em 1860, o jornal Nova-Yorquino Harper's Illustrated Weekly, vestiu o Santa Claus com um fato vermelho, guarnecido de pele branca e subido com um cinto largo de couro. Durante mais de trinta anos, Thomas Nast, ilustrador e caricaturista do jornal pintou em centenas de desenhos os aspectos da lenda de Santa Claus conhecido em França como sendo o Pai Natal.

Em 1885, Nast estabeleceu como residência oficial, do Pai Natal, o Pólo Norte, através de um desenho representando duas crianças a observar no mapa do mundo, o caminho percorrido pelo Pai Natal desde o Pólo Norte até aos Estados Unidos. No ano seguinte, o escritor americano George P. Webster retomava esta ideia e indicava que as manufacturas de brinquedos estavam instaladas e escondidas, durante os longos meses de verão, no gelo e na neve do Pólo Norte.
Só em 1931 é que o Pai Natal toma o aspecto actual por causa da publicidade da companhia Coca-Cola.

Graças ao talento artístico de Haddon Sundblom, o Pai Natal tinha agora fisionomia humana (convencendo melhor e ficando mais acessível), uma barriga saída, uma figura mais simpática, com ar alegre e bonacheirão. O vestido comprido foi substituído pelas calças e pela túnica. Este é mais o símbolo nos Estados Unidos, porque em França, conservou o vestido vermelho comprido. Coca-Cola pretendia, com tudo isto, motivar os consumidores a beberem coca-cola durante o Inverno.

Durante trinta e cinco anos, Coca-Cola difundiu a imagem do Pai Natal na imprensa escrita e, em seguida, na televisão de todo o mundo.

A ideia que as crianças têm do Pai Natal é a desta imagem. Existe também uma lenda russa que conta que o Pai Natal poderia ter sido o quarto Rei Mago que conduzia na estepe um trenó puxado por renas, cheio de brinquedos para as crianças. Passaram-se dois mil anos e ele desistiu de encontrar o menino Jesus, então ele dá os presentes às crianças que encontra no seu caminho.

23 dezembro 2005

A estratégia que não há...

(...) Não se compreende que, por cá, a economia permaneça quase estagnada há quatro anos e o consumo de energia cavalga a 7% ao ano. E, por muito que custe às nossas empresas, só há uma forma de ajustar a oferta e a procura: o preço.

Como o país já paga electricidade mais cara que muitos países concorrentes, evidentemente que uma revolução qualquer terá de acontecer. Nos nossos hábitos de consumo. Na forma de tributar a utilização de energia. Na forma como as autoridades municipais e metropolitanas gerem a mobilidade das principais cidades.


Isso não está feito, nem sequer discutido. Não há soluções milagrosas, não há uma fórmula fácil, mas há uma enorme urgência em actuar. No lado da oferta, mas sobretudo no lado da procura. Um ministro da Economia, se não serve para isto, então que vá para presidente da Galp.


Sérgio Figueiredo in Jornal de Negócios - 23/12/2005

É interessante reflectir sobre este tema se lhe acrescentarmos um outro:

Porque é que o Governo Socialista e a Nova Administração dos CTT - Correios de Portugal (também socialista), suspenderam um protocolo entre a Iberdrola e os CTT para a venda de contratos de fornecimento de electricidade nas Estações de Correio?

Porque é que os CTT decidiram abandonar um negócio que geraria benefícios para todas as partes envolvidas, sobretudo para si? Senão, vejamos:

  1. Clientes/Consumidores - Possibilidade de opção por fornecedor mais barato!
  2. CTT - Encaixe anual de vários milhões de euros, muito necessários para uma Empresa (ainda detida a 100% pelo Estado???) que perde negócio e core-business ano após ano!
  3. Governo - Possibilidade de fomentar uma política energética competitiva e saudável!
  4. Iberdrola - Criação de valor em Portugal, i.e., em solo português!
  5. EDP - Oportunidade de ouro para largarem a cultura de monopólio no mercado doméstico que tão perigosa é!

Tal como refere o Sérgio Figueiredo, se o ministro da Economia não serve para ministro então que vá para Presidente da Galp! Ou que faça como um outro Ex-Ministro, de seu nome Pina Moura, e vá para a Iberdrola!


22 dezembro 2005

A escalada de Soares

Escrevi a 9 de Dezembro:

«Mário Soares está a ficar desesperado. O tom das suas intervenções sobe constantemente. Não faltará muito até chamar fascista a Cavaco. No início, não o fará directamente. Fará por exemplo uma comparação entre as cargas policiais do antigo regime e as do tempo em que Cavaco era 1º ministro. Algo assim do género. Depois vai relembrar-nos o seu passado antifascista, vai convocar os capitães de Abril que o apoiam, etc. Terminará explícito, ou quase.Terminará como o filho João nas vésperas das autárquicas de 2001, a falar para o ar sobre a Esquerda ou a Liberdade. E o país a querer simplesmente que lhe resolvam os problemas.Findará a afirmar-se como o candidato de Esquerda que vai salvar o país da Direita. E o país a passar-lhe ao lado.Acabará a tentar alarmar todos com o perigo do "outro" vencer. E o país, farto, a dar a vitória ao "outro".»

O debate entre Cavaco e Soares foi mais um momento desta atitude em escalada de Soares. Que barbaridades dirá ele na última semana de campanha, meu Deus? Até tremo...

Artigo de Paulo Rangel

[...] Cavaco: desígnio, programa e desempenho
Toda a pré-campanha presidencial tem sido dominada pelo mote de que Cavaco Silva, ungido pelas sondagens de opinião e temendo uma sangria de vo­­tos, se abriga no silêncio sideral. Eis uma crítica recorrente mas abstracta e va­ga, só possível e viável no dito mundo das "ideias feitas". Na verdade, ne­nhum dos outros candidatos tem uma hierarquia de desígnios, uma pauta pro­gra­mática e uma base ideológica tão claramente enunciada como a de Cavaco Silva. […]
Cavaco não se refugia em generalidades bem intencionadas, em que tu­do é indistintamente relevante; faz esco­lhas, hierar­qui­za prioridades, assume "custos de oportunidade". Assim como Eanes seleccionou a integração dos mi­li­tares e a transição para a democracia plena; assim como Soares privilegiou a "ci­vili­zação" do regime e a integração na Europa; Cavaco escolheu o desen­vol­vi­mento económico e a qualificação da vida democrática. A ser eleito, toda a sua magistratura será marcada por esses dois desígnios, que justa­mente cor­res­pondem aos dois principais problemas com que Portugal está hoje con­fron­ta­do: o atraso económico e a degradação política. Inscreve, pois, na agenda do pro­­jecto nacional - conferindo-lhes a dignidade e prioridade inerentes - o re­for­ço da competitividade, o estímulo da inovação, a disci­pli­na financeira, a qua­li­fi­ca­ção da formação, o incremento das exportações e do investimento, a protec­ção social dos mais desfavorecidos. Inscreve também, no programa de mobili­za­ção na­cio­nal, a cooperação estratégica com os res­tantes órgãos de sobera­nia, com a maioria e a oposição, com os parceiros sociais; o combate à corrup­ção; a credibilização e operacionalidade da justiça. […] Ao erigir este programa como móbil da sua candidatura, Cavaco não se es­conde por detrás de qual­quer reposteiro de silêncio, fumo ou névoa. Pelo contrário, responsabiliza-se por uma atitude cons­­trutiva e cooperante, publica os padrões que pautarão o seu de­sempenho, enun­cia os critérios com que fará a avaliação do funcionamento do nosso sis­te­ma político e institucional.

Cavaco: o valor "acrescentado" da palavra
A tentativa de fazer colar a Cavaco Silva o estigma do silêncio - bem vi­sí­­­­vel no impropério da "esfinge" - não se limita à esfera programática ou subs­tan­­­tiva, visa também, e até mais salientemente, o estilo. "Cavaco fala com par­ci­­­mó­nia, debate pouco, comenta de menos", alega-se. Olvida-se, porém, que uma das causas do desprestígio da política e dos políticos reside precisamente na "banalização" da palavra e do discurso. Cavaco - como bem demonstram as intervenções selectivas dos largos anos em que esteve fora da vida política - valoriza devidamente a eficácia do discurso. Mais: quer pre­ser­var, para o exercício da função presidencial, a plena e total eficácia da sua palavra. O emprego criterioso e escrupuloso da palavra acres­cen­ta-lhe ainda valor: o valor da vinculação. Os que falam muito, dizem tudo e o seu contrário, não estão, na verdade, vinculados a nada. Não subsistam dúvidas, caso Cavaco venha a ser elei­­to - e ao invés do que eventualmente se passaria com qualquer um dos seus adversários -, não haverá perdão: toda a palavra da pré-campanha e da cam­panha lhe será cobrada por inteiro.
Nem todos percebem, mas o tão pro­palado silêncio de Cavaco é a me­lhor garantia do valor da palavra. Da palavra de um Presidente da República.

Paulo Rangel, Público, 21-12-2005

Interessante reflexão...

Parece-me que já vem de longe este amargo de boca sobre os Portugas...

De facto, quando se fala em D. Sebastião, anseia-se e deseja-se alguém com a mesma visão:

Ninguém pode aplicar subsídios comunitários (para investimento estrutural) em bens pessoais;

Ninguém pode gastar mais em bilhetes para jogos de futebol que os gastos mensais em compras alimentares para a família;

...

Ninguém pode gastar o que não tem (ou não perspectiva ter) em TGV's, OTA's e afins!

Não fui eu que escrevi... Foi apenas a inspiração Sebastianista que o denunciou!


21 dezembro 2005

A senhora dos bolos...



Em 15/12, fmb escreveu (e bem) sobre o aliciante tema da inovação.

Portugal precisa de ousar e inovar!

Portugal precisa de explorar novas áreas, agarrando oportunidades únicas!

Portugal precisa... enfim, de tudo o que é fundamental!

Aproveitei este pequeno artigo de opinião do Joaquim Letria para lançar mais um desafio ao "Portugal precisa":

Portugal precisa de destruir/combater a burocracia instalada no País!

Pois é, é que o que Joaquim Letria aqui refere é mesmo verdade!

Infelizmente!

20 dezembro 2005

Passado ou Futuro?

Bem, faz lembrar aquele sketch do 'Gato Fedorento' em que o adepto do maior clube vermelho português prenuncia, com aquela esquisita pronúncia: "Quinje a jero!!! Quinje a jero!!!".

De facto, hoje vimos um Mário Soares agarrado ao passado, sem nunca descolar das críticas, de quem não se ouviu uma ideia, um rumo, uma intenção que não a crítica, por vezes rude e deselegante, como a expressão do "economista razoável", completamente despropositada.
Já de Cavaco, a quem dou os Parabéns pela postura, por nunca ter perdido as estribeiras e pela maneira como soube ignorar Soares, ouviram-se ideias e rumos, intenções e comentários, mesmo que por iniciativa própria, em vez de comentar os devaneios de Soares, como desejariam algumas vezes os moderadores.

Apesar de não ver um mar de rosas em Cavaco (ou laranjas, para quem preferir), tenho-o num ponto mais alto da escada da consideração! Mostrou o seu perfil de estadista e cilindrou, por bem mais que quinze, aquele que eu vejo como o seu eterno rival (embora acredite que nestas eleições seja apenas mais um candidato, atribuindo a Alegre o papel de rival de Cavaco). Foi assim que sempre vi as coisas desde que, há 'meia dúzia' de anos, comecei a observar a política!

17 dezembro 2005

Orçamento CM Porto I

São já conhecidas as principais áreas de dotação orçamental (que sub-entendem acção política e não custos de funcionamento) e que a Câmara Municipal do Porto prevê apresentar à Cidade para o ano de 2006:

  1. Habitação Social (~ 14%);
  2. Mobilidade (~ 5%);
  3. Reabilitação Urbana (~ 2%)

Ora, perante tal orçamento, e de uma forma muito generica, é de louvar e felicitar o Dr. Rui Rio pela coerência e transparência que preconiza uma vez mais para o Porto: coerência porque um programa de candidatura teve os seus efeitos, transparência porque sem sobra de dúvidas é claro o destino das verbas que são passíveis de gestão!

Numa Câmara com 31% de custos aplicados em Pessoal, e com um orçamento global de 220 M€, é obra conseguir-se ser objectivo e sério, e, paralelamente, orientar a acção aos núcleos dos verdadeiros problemas estruturais do Porto!

Mais uma vez, bem haja!

Post-Sript - As elites que gostam de falar de equilíbrio urbano e de reinvindicar obra e acção para as zonas das classes menos pobres, não vão gostar muito deste orçamento... Mas, paciência! Foram essas mesmas elites que elegeram o PS durante 12 desastrosos anos para o urbanismo da Cidade!


15 dezembro 2005

Norte em decadência - continuação

Esqueci-me de dizer que esta não foi uma conferência isolada, mas faz parte do ciclo "Olhares Cruzados Sobre o Porto III". A próxima é dia 19 de Dezembro, com Belmiro de Azevedo e António Borges a falarem sobre "Um Passado com Futuro: Como pode o Porto recuperar a sua imagem internacional?".

Para ver o programa completo do Ciclo de Conferências, clicar aqui.

Norte em decadência

Na passada 2ª feira fui à Universidade Católica do Porto ouvir José Roquette e António Murta falarem sobre a perda de pujança económica do Norte, em geral, e do Porto, em particular.

Foi muitíssimo interessante.

Julgo que a maior parte de nós conhece José Roquette, quanto mais não seja do tempo em que foi presidente do Sporting (altura em que introduziu uma gestão mais profissional na instituição). O Eng. António Murta é menos conhecido: é um engenheiro informático que criou uma empresa de software que compete nos mercados internacionais com vários gigantes deste sector com enorme concorrência - e fá-lo com grande êxito. Para terem uma ideia, tem cerca de 300 colaboradores, dos quais 80% são engenheiros informáticos!

O que mais me agradou nas intervenções foi o facto de não atirarem as responsabilidades para o lado: os políticos, o sistema, as leis ou os outros culpados do costume. No fundo, o que ambos disseram às gentes do Norte foi: mexam-se! Claro que esses culpados do costume podem ter responsabilidades, mas a primeira dessas responsabilidades cabe a cada um de nós. Foram particularmente duros para com os empresários que se recusam a ver as mudanças decorrentes da globalização, que continuam a restringir-se aos sectores tradicionais que já não conseguem ter grande valor acrescentado, que continuam a desperdiçar os recursos humanos qualificados para novos sectores de negócio.

José Roquette começou por referir que existem elites no Norte e que estas têm poder... se quiserem. Isto é, se se organizarem. Disse-nos que em Lisboa as elites se organizam bastante mais e, consequentemente, conseguem lutar melhor pelos seus objectivos.
Alertou para o facto do Porto já não ser visto como capital do Norte pelas outras cidades da região, porque cada vez mais as pessoas de Braga ou Vila Real vão resolver os seus problemas directamente a Lisboa. Reiterou que a sociedade civil tem de se organizar e de ser exigente com os políticos e consigo própria.

António Murta avisou que ia ser politicamente incorrecto - e cumpriu. Disse que já não há paciência para o discurso contra o centralismo. Mesmo que ele ainda exista, não pode servir de desculpa para tudo.

Sublinhou várias vezes que é preciso desinstalarmo-nos (recordando Gil). A Europa (incluindo já Portugal) está gorda, anafada e instalada. Há que operar-se uma desinstalação, há que não esperar demasiado dos poderes públicos e agir por si próprio, com iniciativa e estratégia.
Alertou para os perigos da economia informal e, sobretudo, de ela continuar a ser vista como sinal de inteligência (chico-espertismo).

E em termos económicos falou na necessidade de apostarmos em nichos de mercado de alto valor acrescentado, como os das novas tecnologias, biotech, nanotech, etc.

Valeu a pena ver que ainda há quem acredite nas nossas possibilidades. Eu subscrevo!

14 dezembro 2005

Enfim, de regresso...

Depois de ter ficado sem PC (queimou a main board...) e depois de ter que comprar um novo (!!!), cá estou de volta para o Arquipélago!

Já vi que na minha ausência se excederam... E com qualidade!

12 dezembro 2005

Mais um passo na fusão do computador e da televisão

O casamento entre a televisão e o computador ficou esta semana mais próximo quando a Intel, um dos maiores fabricantes de chips do mundo, revelou os seus projectos para usar uma nova tecnologia que funde os dois aparelhos.

A Intel diz estar a trabalhar com mais de 40 empresas em todo o mundo, nas áreas do cinema, música, televisão, jogos e edição de fotografia para fornecer conteúdos a computadores usando uma tecnologia designada Viiv.

Com saída marcada para 2006, computadores equipados com Viiv estão projectados para controlar toda a experiência de entretenimento doméstico. Transformam a televisão num ecrã de computador com a capacidade para realizar qualquer tarefa de um computador, incluindo fazer pesquisas na internet. Operado por controlo remoto, o sistema será capaz de mostrar um filme na televisão ao mesmo tempo que faz o download de músicas para ouvir mais tarde. Ligar-se-á automaticamente como uma televisão e possuirá a capacidade-extra para gravar programas de tv. Um centro de entretenimento operado por um computador com uma plataforma Viiv será capaz de se ligar a outros aparelhos, como reprodutores de DVD, portáteis ou não.

O anúncio da Intel vai intensificar a competição entre as empresas de televisão por cabo, os fabricantes de jogos, de computadores, de software, os grandes gigantes da indústria de entretenimento e os motores de busca da net que procuram, todos eles, encontrar uma forma de dominar - ou pelo menos de assegurar um nicho - o mercado do entretenimento caseiro.

Várias companhias têm-se apressado a constituir alianças para reforçar a sua posição, no que Ted Schadler, analista de consumo de tecnologia na firma Forrester Research, não hesita em descrever como "uma batalha épica".

Algumas empresas apostam em que a conjugação da televisão e do computador acabe por monopolizar o entretenimento familiar. A empresa de gravação digital TiVo, reconhecimento o papel da internet no futuro do consumo de televisão, juntou-se há pouco ao motor de busca Yahoo para permitir aos clientes que programem os seus aparelhos através do seu sítio na web. O acordo abre aplicações maiores para a próprio TiVo, que planeia fornecer alguns conteúdos para televisão, nos Estados Unidos, até ao final deste ano.

Também há pouco, a Cisco, um dos principais fabricantes de equipamentos de rede informática, decidiu comprar a Scientific-Atlanta, fabricante de descodificadores, demonstrando a clara intenção de fornecer programação a televisões através da internet.

Também a Google tem ambições para aplicar a sua formidável capacidade de busca ao centro de entretenimento familiar. A CBS noticiou recentemente que estava em conversações com a Google sobre projectos para fornecer "video on demand".

Há outras companhias que pensam que o computador vai ser, no futuro, o centro de tudo. Desde 2002, computadores com a Media Center Edition do Windows XP têm incorporados sintonizadores de televisão e software de gravação de tv, além de estarem prontos a permitir aos utilizadores que ouçam música e vejam fotografias e vídeos numa televisão e sem que tenham de estar colados ao ecrã do computador. A Microsoft afirma ter vendido mais de quatro milhões de cópias da Media Center Edition.

Quanto à Apple, deu passos para transformar o seu último iMac num quase-televisor, mas sem lhe fornecer a capacidade para enviar conteúdos para um ecrã de televisão a sério. A nova versão contém uma aplicação chamada Front Row que, operada por controlo remoto, permitie visionar no ecrã vídeos e outros materiais.

Phil Leigh, que é analista na empresa de avaliação do mercado Digital Media, afirma acreditar que um dia será possível procurar online um filme e, com um clique, passá-lo na televisão. A próxima geração, afirma, não terá memória dos tempos em que as estações de televisão ou as operadoras de cabo controlavam os hábitos dos espectadores.

"Os nossos filhos vão olhar para nós e dizer: "Pai, quer dizer que tinhas que ver o que dava na televisão? Não podias ir ao Google e procurar o que querias ver"", afirma. "É exactamente neste sentido que temos de nos dirigir".

http://ultraleve.publico.pt/

10 dezembro 2005

Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu quero...

Francisco Louçã, esse grande(?) candidato a Belém, primeiro-minitro e outras coisas que tal, embora em cada candidatura assuma que não o é, fala muito para poucos. As televisões dão-lhe total cobertura, embora não façam o mesmo com a audiência, para não mostrarem salas vazias.
Mas é curioso que, acompanhando os meios de comunicação social, ninguém desmascare este político(!). Ou quase ninguém...
Apesar da incultura que marca o nosso povo, penso que a maior parte dos votos no BE são apenas de protesto contra os outros partidos, porque aqueles "vão para lá resmungar"! na realidade, poucas são as palavras de Louçã que se aproveitam. Algumas são, até, contraditórias ao seu habitual discurso.
Para quem defende uma mais aberta política de imigração, cujos limites se sustentam no 'bom senso', dizer que Cavaco é "uma pessoa errada" não é contraditório. Mas afirmar que "as pessoas erradas devem ser apontadas, devem ser isoladas" é, além de contraditório, algo gravoso!!!
Talvez um último lugar na corrida deixe este senhor com mais consciência de que os seus ideiais estão longe de ser bem aceites neste cantinho "tão pequeno para os problemas que tem" (Louçã)da Europa.

09 dezembro 2005

"Portugal vai ser campeão do Mundo e não vai sofrer golos"

Pinto da Costa, presidente do FC Porto: “Não podia ser um grupo melhor para Portugal, apesar de não haver adversários fáceis. As perspectivas são óptimas e espero, como toda a gente, que Portugal faça uma boa figura. Portugal, com ou sem Vítor Baia, é uma das candidatas ao título, juntamente com Brasil e Alemanha. Tal como dizia um dirigente do Artmedia (adversário do FC Porto na Liga dos Campeões), se este guarda-redes não tem lugar na selecção, nem no banco de suplentes, de certeza que Portugal vai ser campeão do Mundo e não vai sofrer golos”.

www.ojogo.pt

O português quer o Cavaco outra vez!

Foi esta a frase que ouvi há uns dias, na campanha para as presidenciais!

Quem diria!

Em 1996 quando o Prof. Cavaco Silva perdeu as eleições para o actual presidente, houve quem dissesse que um dia os portugueses ainda iam chorar para o ter de volta.

Pois bem, parece que essas pessoas tinham razão!

Hoje, tal como em 1985, em 1987 e em 1991, os portugueses voltam a querer que o Professor volte a ser peça fundamental no futuro do nosso país. Na verdade, será a derrota das palmadinhas nas costas, do diálogo pelo diálogo e da incompetência.

Será a vitória de que quem pouco fala, muito acerta!

O povo parece estar de novo com quem os fez crescer. Mesmo para quem cresceu na geração rasca, hoje quer o Professor de volta à política.

Quem é competente, não faz o que os outros sempre querem, faz o que pensa ser melhor para o futuro da sociedade. Lobbies há muitos, seu palerma!

É preciso lutar, é preciso fazer sacrifícios hoje, para ganhar o amanhã. Foi isso que Cavaco fez com todos os portugueses. E por isso o queremos de volta!

A JP e Cavaco

Líder distrital da Juventude Popular não apoia Cavaco, mas “eventualmente” votará nele
“Partido reencontrará o rumo”


A distrital do Porto da Juventude Popular tem um novo líder. Pedro Moutinho é o senhor que se segue depois de, anteontem à noite, ter assumido, formalmente, a liderança do partido. Em entrevista, apresenta os seus objectivos e garante que “a pronúncia do Norte” se vai fazer ouvir.
Marta Araújo

Como é que surgiu a candidatura à distrital da JP do Porto?
Há dois anos participei, como militante base no primeiro congresso distrital do Porto que, foi em Gaia. Na altura era um simples militante mas fiquei bastante motivado com a forma como decorreu o congresso. Não participei em qualquer lista mas desde cedo me disponibilizei a trabalhar com aquela equipa. Eles tinham um trabalho muito árduo a fazer, principalmente arranjar militantes e montar estruturas a nível do distrito. Isso foi um trabalho que foi bem conseguido e que eu acompanhei quase desde raiz. Participei nas diversas campanhas, foram dois anos intensos de campanhas e eu estive em todas elas. Gostei imenso do trabalho que foi feito e, na altura, senti um grande calor e carinho por parte das pessoas que estavam nos diversos concelhos. Sabendo que podia contar com eles, decidi candidatar-me.
A desistência do anterior líder em prol da sua candidatura foi pacífica?
O Miguel não desistiu. O Miguel é o maior amigo que tenho na política. Chegado a este momento entendeu que era altura de o trabalho ser continuado por outra pessoa. Eu, sabendo que seria a pessoa certa para continuar o trabalho que ele tinha iniciado, propus-me a fazê-lo. Obviamente que, desde o início, fui apadrinhado por dele porque somos amigos e ele revê-se também na minha forma de fazer política.
Quais são os objectivos que pretende atingir com esta candidatura?
Nos próximos dois anos quero actuar em duas direcções. Uma a nível interno e para a organização, e outra é o resultado que quero obter da política que eu vou exercer. A nível interno, e uma vez que já estão indagadas as pessoas - as estruturas já estão implementadas - eu acho que é altura de lhes dar formação. É preciso amadurecer ideias e dotarmo-nos para o combate político de hoje em dia, que é muito exigente muito forte. E nesse sentido, vou organizar o máximo de colóquios possível sobre doutrina, desafios políticos da actualidade, e respectivas soluções. A nível externo, quero preparar uma equipa, no distrito, que volte a dar ao Porto a visibilidade e o destaque que o já teve a nível nacional.
Como é que define o actual estado do CDS/PP?
Nós saímos de um congresso há seis meses e é sempre difícil começar de novo. Principalmente depois de uma liderança como a que tivemos por parte de Paulo Portas. Eu penso que o partido vai saber dar resposta a isto. As arestas ainda estão a ser limadas mas o partido irá reencontrar o seu rumo. Vamos saber conjugar todas as forças do partido na mesma direcção e estou perfeitamente convencido que, num futuro muito próximo, o partido estará com toda a pujança que sempre teve.
Pujança essa que Ribeiro e Castro não tem conseguido impor?
Ribeiro e Castro tem sido uma das forças do partido. Obviamente que não estando no palco político prestigiado português que é a Assembleia da República tem uma maior dificuldade em se expor, principalmente à população e não tanto a nível interno do partido. Trata-se de um presidente que sempre foi e será respeitado.
Ribeiro e Castro tem perfil para ser líder?
Ribeiro e Castro ganhou um congresso e não o ganhou sozinho. Há algo, na sua liderança, que é muito positivo: o facto de não deixar que a liderança seja talhada ao sabor do vento ou ao sabor daquilo que as pessoas queriam que ela fosse. Ele tem o seu próprio estilo, a sua própria forma de se impor.
Quando diz que o partido vai conseguir encontrar o seu rumo, isso será com um novo líder?
Isso é o partido que terá de decidir no congresso ordinário. Eu acho que neste momento a questão da liderança não deverá ser colocada. O que devemos é estar todos unidos e a trabalhar com o actual presidente do partido porque o contrário só fragiliza a ele e, consequentemente, a todos nós.
Uma vez que exerce a sua actividade profissional em Lisboa, na Assembleia da República, não teme a acusação de ser um líder fisicamente ausente?
O trabalhar em Lisboa, e no século XXI e no mundo em que nós vivemos actualmente, não é significante porque as distâncias não devem ser medidas por quilómetro mas sim por tempo. E eu, neste momento, estou sempre a duas horas do Porto. Não houve uma única vez em que uma estrutura local do partido precisasse de mim, ou da JP, e eu cá não estivesse.
De alguma forma este seu passo pode ser entendido como um aproximar da liderança da JP a nível nacional, uma vez que já é o seu número dois?Nunca estive na JP a pensar naquilo que vou fazer amanhã. Vim para cá pelo próprio pé e pelo gosto que tenho pela política. Não posso estar a pensar, de forma nenhuma, no que vai acontecer daqui a dois anos porque não faço ideia como se vai desenrolar, politicamente, na JP e na minha vida profissional.
Qual é a sua opinião relativamente ao facto do seu partido na apoiar a candidatura de Cavaco Silva?
Votei contra o apoio a essa candidatura. Não me revejo em nenhuma das candidaturas presidenciais neste momento. A JP não se revê porque nenhum deles é um actor político do presente e muito menos do futuro. São todos actores políticos do passado, todos eles com enormíssimas responsabilidades no estado em que se encontra o País. Não há marca de esperança em nenhum deles. O partido deveria ter criado condições para que surgisse uma candidatura da área política do CDS.
E quem poderia encabeçar essa candidatura?
Se tivessem sido criadas condições para uma candidatura, não haveria qualquer problema em ter, como candidatos presidenciais, pessoas como Nuno Melo, Pires de Lima, Paulo Portas, Bagão Félix, da Maria José Nogueira Pinto, que seria, sem dúvida, uma excelente candidata, e, obviamente, o presidente do nosso partido, José Ribeiro e Castro.
Por uma questão de aproximação de ideologias, orientará o seu sentido de voto para Cavaco Silva?
Eventualmente.

A estratégia errada de Soares

Mário Soares está a ficar desesperado. O tom das suas intervenções sobe constantemente. Não faltará muito até chamar fascista a Cavaco. No início, não o fará directamente. Fará por exemplo uma comparação entre as cargas policiais do antigo regime e as do tempo em que Cavaco era 1º ministro. Algo assim do género. Depois vai relembrar-nos o seu passado antifascista, vai convocar os capitães de Abril que o apoiam, etc. Terminará explícito, ou quase.

Terminará como o filho João nas vésperas das autárquicas de 2001, a falar para o ar sobre a Esquerda ou a Liberdade. E o país a querer simplesmente que lhe resolvam os problemas.

Findará a afirmar-se como o candidato de Esquerda que vai salvar o país da Direita. E o país a passar-lhe ao lado.

Acabará a tentar alarmar todos com o perigo do "outro" vencer. E o país, farto, a dar a vitória ao "outro".

08 dezembro 2005

PSD aperta regras para elegibilidade de autarcas...

O PSD avança na próxima semana com um projecto para apertar as regras de elegibilidade dos candidatos autárquicos, impedindo candidaturas de quem esteja acusado definitivamente ou sujeito a prisão preventiva. Ontem, o presidente da bancada do PSD, Marques Guedes, citado pela Lusa, anunciou que o partido aproveitará o seu agendamento potestativo - direito de fixar a ordem do dia - do dia 15 para a presentar uma iniciativa que altera o regime das inelegibilidades para a eleição dos órgãos autárquicos e que acrescenta um novo motivo de suspensão do mandato dos autarcas.
O projecto do PSD determina que a acusação definitiva pela prática de crime com pena superior a três anos seja razão suficiente para a perda de mandato de um titular de órgão das autarquias locais, tal como acontece actualmente com deputados e membros do Governo. A polémica sobre este assunto surgiu nas últimas eleições autárquicas, quando vários candidatos a contas com a justiça conquistaram presidências de Câmara como independentes. No entanto, o PSD não pretende acabar com as candidaturas independentes, considerando que esse seria "um retrocesso absolutamente injustificado". O PS já manifestou a intenção de alterar a legislação, mas só depois das presidenciais, no âmbito de um pacote sobre a reforma do sistema político.

in Jornal de Notícias - 07/12/05

Infelizmente continuamos a assistir a manobras de distracção e diversão que visam branquear a verdadeira reforma do sistema político! É inacreditável verificar que ninguém se opõe a este estado de coisas! Reformismo Sério, Estrutural e Honesto precisa-se!

07 dezembro 2005

Metro do Porto...

Três anos depois da inauguração das primeiras dezoito estações do metro do Porto, os números não enganam: dos quase seis milhões de passageiros transportados em 2003, as carruagens amarelo-cinzentas passaram, em 2005, para mais de 16 milhões de validações.

No sábado, a rede passa a ter mais setecentos metros do que a sua congénere lisboeta.

Jorge Marmelo in Público – 07/12/05

06 dezembro 2005

Benvindos!

Meus Caros i, fmb, G7 e Nigo,

Sejam muito benvindos!

Está formado o 1º quinteto do Arquipélago!

Outros quintetos suceder-nos-ão nesta aventura!

Desafio nº1: já podemos escolher um dia de semana para cada um postar...

05 dezembro 2005

"Dei-te quase tudo.."

Lamentavelmente, vi hoje a estreia da nova telenovela da TVI. Vejam lá... Cada vez estou mais culto... Lamentavelmente, porque é absolutamente incrível a falta de gosto e respeito pelo Porto!
Então não é que os actores são de Lisboa, não têm qualquer ligação ao Porto, a sua pronúncia é um insulto ao dialecto tripeiro e, pasmemos, aborda a problemática das pessoas do Porto detestarem as de Lisboa, e vice-versa!
Mais uma "ficção nacional" que não deixa de ser outro péssimo exemplo de serviço público que as televisões privadas também têm que prestar!
E já agora, problemas Porto/Lisboa não é assim que se retratam! Comecem sff por analisar o Orçamento de Estado para 2006 e verifiquem a redução de investimento público em cada uma das regiões do País.
Pode ser que descubram outras Cidades em conflito ficcionário com Lisboa! E, pode ser que o nome da telenovela seja alterado para "Tirei-te quase tudo..."

A disputa do 3º lugar...

Relativamente às análises das próximas eleições presidenciais, os mais heruditos do "anti-apoio a qualquer candidato presidencial" (e que até já têm blog) precisam ,antes de mais, de responder a uma dúvida que, hoje, muitos Portugueses afirmam ter: quem será o 3º mais votado no âmbito desta eleição?
Num destes dias, na Baixa do Porto, ouvi que seria uma grande disputa entre Louçã e Soares... Tenho dúvidas quanto ao 1º dos nomes citados. Estou mais inclinado no duelo Jerónimo/Soares. É por isso que o mais fervoroso dos debates será precisamente o que coloca ambos em confronto.
Nessa noite, veremos se tenho razão, ou se falhei tal como todos os "Zandingas" da política se arriscam a falhar.
Até lá, continuaremos a assistir ao "engordecimento" do sindicato de votos de Alegre e Cavaco. Disso, já não tenho qualquer espécie de dúvidas! E é nesse contexto que a ambos aqui deixo um grande Bem Hajam!

04 dezembro 2005

Presidenciais

Os portugueses já conhecem bem os candidatos presidenciais. Já conhecem o perfil político de cada um. Portanto, para mim a escolha que vão fazer no dia das eleições não terá tanto a ver com o que cada candidato defende, mas mais com o perfil que interessa ter na presidência neste momento.

Daí Cavaco ir à frente nas sondagens. Num momento de crise nacional, os portugueses vão preferir o candidato que transmite mais confiança e que tem mais possibilidades de saber ajudar o Governo na superação da crise.

Francisco Sá Carneiro (n.1934 m.1980)


Advogado na comarca do Porto, foi deputado independente na Ala Liberal durante o regime de Marcelo Caetano (1969-1973).

Depois do 25 de Abril de 1974, fundou o Partido Popular Democrático (PPD), tornando-se seu presidente.

Participou no I Governo Provisório em Maio e Junho de 1974 como ministro sem pasta.

Enquanto dirigente do Partido Social Democrata (nova designação do PPD), aliou-se ao Centro Democrático Social (CDS) e ao Partido Popular Monárquico (PPM) criando a Aliança Democrática (AD) em 1979, a qual, ao vencer as eleições, o tornou primeiro-ministro.

Nas eleições gerais de 1980 obteve a maioria absoluta.

Faleceu num acidente de aviação nas vésperas das eleições presidenciais em 4.12.80.

03 dezembro 2005

Juros simplesmente sobem...

Há dois tipos de governos na zona euro: os que fazem reformas económicas e os que se queixam dos juros. Vamos ter esta semana a oportunidade de verificar a qual dos lados o nosso Governo quer pertencer, depois de o Banco Central Europeu ter anunciado a subida da taxa directora.

Evidentemente que a economia portuguesa, a patinar da estagnação para uma nova e iminente recessão, dispensava perfeitamente este «endurecimento» da política monetária.

Mas, para limpar o debate de qualquer tentação demagógica, era importante que alguém da equipa económica de Sócrates saltasse desde logo cá para fora deixando bem clara duas verdades factuais.

A primeira é que os juros são os últimos responsáveis pela crise de crescimento de Portugal. Desde que existe união monetária na Europa, ou seja nos últimos seis anos, Portugal e a Irlanda são os únicos países que apresentam taxas de juros reais negativas de forma persistente.

Dito de outra forma, se alguma coisa a política monetária tem influenciado as condições de crescimento da economia portuguesa é no sentido oposto, expansionista, atendendo aos níveis de inflação interna – esses sim, sempre acima da média europeia.

A segunda verdade pedagógica que o Governo português deveria promover junto da população é que também não será esta subida de juros (um quarto de ponto, para 2,25%) o motivo para o frustrante desempenho que a nossa economia continuará a ter no futuro próximo.

Bem sabemos, repito, que é mais fácil a um primeiro-ministro entregar à sua opinião pública a cabeça de um banqueiro central instalado em Frankfurt, do que assumir os verdadeiros motivos do declínio económico interno.

Até porque, em condições monetárias iguais, os doze países têm exibido dinâmicas económicas absolutamente distintas.

A Espanha, a Irlanda e a Finlândia são exemplos de países que ultrapassaram as dificuldades com reformas duras e impopulares, mobilizaram a classe política para um pacto nacional e estão agora a colher os frutos disso.

Portugal está entre aqueles que cresceram sem reformar, viveu da enxurrada financeira provocada pela queda abrupta do juros e, quando o efeito se foi esgotando, os Governos inventaram receitas extraordinárias (para disfarçar o mal do Estado) e os tais inimigos ocultos (para encobrir a perda de competitividade empresarial).

Foi o que fez Guterres no fim da década passada, foi o que continuou a fazer Barroso nos três anos seguintes e, eis-nos agora, diante Sócrates e a obrigação de fugir ao «bode expiatório» – o que seria fácil, porém contraproducente.

A subida de juros é um obstáculo adicional para a tão estafada retoma anunciada. Mas não é uma catástrofe. Este aumento ‘agrava’ apenas em 4,5% os encargos bancários das famílias. E estes pesam um quinto do rendimento disponível médio.

Vivemos com expectativas baixas, as pessoas estão com medo do futuro e o alarmismo não é bom conselheiro para animar o clima de negócios. Há que evitar, portanto, a reedição do discurso da «tanga», com o aumento de impostos agora em versão adaptada aos juros.

* Versão adaptada do editorial publicado no Jornal de Negócios de 29/11

Sérgio Figueiredo in Jornal de Negócios - 02/12/2005

02 dezembro 2005

O Porto e as elites...

A questão das elites do Porto e a sua importância nos processos de decisão voltou à ordem do dia. Esta é, aliás, uma matéria recorrente, por vezes exacerbada e, sobretudo, apontada como a principal razão para o definhamento que a região conhece, nomeadamente na última década. Num artigo notável, onde reproduz uma intervenção proferida, recentemente, na Universidade Católica, o sociólogo António Barreto coloca, do meu ponto de vista, o "dedo na ferida". Ou seja, é inquestionável que há elites nesta região temos a maior Universidade do país, uma das melhores escolas de Arquitectura do Mundo, somos pioneiros em áreas relacionadas com as ciências da vida e da medicina, temos um tecido empresarial (agora algo fragilizado com a crise económica que atravessamos) que é responsável por uma parte significativa das nossas exportações, na cultura somos o alfobre de inúmeros talentos de dimensão nacional e internacional, etc., etc..

Então, porquê tanta discussão?

Já anteriormente referi, nesta coluna, que a quem vive em regiões periféricas não basta ser dos melhores. Para compensar o facto de estar longe, pelo menos fisicamente, do poder, temos de acrescentar algo mais. E é exactamente sobre esse "algo mais" que António Barreto se pronuncia de forma lapidar.

De acordo com aquele sociólogo, o elemento de diferenciação deve estar intimamente relacionado com o efeito demonstração. Significa isto que a nossa afirmação passa, sobretudo, por "fazer" e fazer de forma diferente. Exemplificando, o Porto tem de mostrar ao país que é capaz de gerir com maior eficácia os recursos e, desse modo, obter melhores resultados. Não faltam áreas onde poderemos demonstrar as nossas competências ao nível da gestão política, sermos capazes de inovar em termos de parcerias públicas e público-privadas em áreas tão distintas como a saúde, a educação, a segurança, o ambiente, etc.; ao nível do tecido empresarial, conseguirmos apostar em diminuir os famosos "custos de contexto, sobretudo ao nível burocrático, e tornarmo-nos competitivos na atracção de empresas tecnológicas, nacionais e multinacionais, indutoras de um crescimento industrial assente no novo paradigma da sociedade do conhecimento; ao nível cultural, aproveitarmos de forma muito mais eficaz os recursos físicos, humanos e infra-estruturais tendo em vista atrairmos novos públicos para esta região, rendibilizando os enormes investimentos realizados nos últimos anos.

Ou seja, sendo certo que é necessário reflectir, hoje, bem mais importante, é fazer.

Agostinho Branquinho in Jornal de Notícias - 02/12/2005

01 dezembro 2005

A eliminação dos cursos rejeitados...

A supressão pelo ministério da tutela de 200 cursos superiores com um número exíguo de matrículas, quase todos de carácter técnico, é um problema que tem, seguramente, mais de um motivo.

Em primeiro lugar, resultará da falta de capacidade do nosso mercado de trabalho para absorver, em número que mantenha viva uma valência docente específica, os licenciados em cada uma das partículas em que se pulverizou o ensino técnico superior. Serão certamente necessários especialistas em cada um desses nichos tecnológicos, mas não temos nem população escolar nem estrutura empresarial suficientes para assegurar, no país, a formação em todos eles. Nas últimas décadas, passámos das cinco ou seis especialidades que, se não me engano, se ensinavam em todas as faculdades de engenharia do país, para o elevadíssimo número das que hoje se ensinam. Foi uma evolução inevitável, por via do desenvolvimento e da diversificação de todos os sectores das ciências experimentais e das tecnologias, mas que, creio, ultrapassou os limites razoáveis num país com a nossa dimensão económica.

Mas há, julgo eu, outro motivo para o malogro desses cursos, que justifica, aliás, serem quase todos de escolas periféricas. É que a iniciativa da sua criação resulta, muitas vezes, de brios regionalistas e de um cálculo irreal da capacidade de atracção desses cursos, quando não de muitas escolas.

Rui Camacho in Jornal de Notícias - 01/12/2005

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