15 fevereiro 2007

IVG / Democracia

Pelo que me parece, a questão do referendo está clara: ganhou o sim e, democraticamente há que o respeitar e aceitar, apesar de não ser vínculativo (abstenção superior a 50%...).

Posto isto, a "batata quente" está nas mãos do Governo. Só espero que não tratem um assunto tão sério com legislação que promova a libertinagem em vez de promover a liberdade.

Creio que o problema está a montante e não a jusante, isto é, falta-nos muito de educação sexual nas escolas e na sociedade, bem como, um valente reforço em campanhas preventivas para que não se chegue ao limite da IVG.

Já agora, podem começar a dar "caça" às clínicas e "vãos de escada" ilegais que operam por aí. Todos sabem que existem mas nada se faz para acabar com este flagelo social, moral, psicológico e físico para muitas mulheres.

O resto é uma questão de consciência, para quem a tiver... Elas e eles, já que por obra e graça do Espírito Santo, pelo que dizem, só aconteceu uma vez.

Cumprimentos.

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14 fevereiro 2007

Sem comentários!


(Pf clique para ampliar a imagem)

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12 fevereiro 2007

Aprendam...

Conto, aliás, uma história que ouvi recentemente. Um cidadão português, que sempre desejou ter uma casa com vista para o Tejo, descobriu finalmente umas águas-furtadas algures numa das colinas de Lisboa que cumpria essa condição.

No entanto, uma das assoalhadas não tinha janela.

Falou então com um arquitecto amigo para que ele fizesse o projecto e o entregasse à câmara de Lisboa, para obter a respectiva autorização para a obra. O amigo dissuadiu-o logo: que demoraria bastantes meses ou mesmo anos a obter uma resposta e que, no final, ela seria negativa. No entanto, acrescentou, ele resolveria o problema.

Assim, numa sexta-feira ao fim da tarde, uma equipa de pedreiros entrou na referida casa, abriu a janela, colocou os vidros e pintou a fachada. O arquitecto tirou então fotos do exterior, onde se via a nova janela e endereçou um pedido à CML, solicitando que fosse permitido ao proprietário fechar a dita cuja janela.

Passado alguns meses, a resposta chegou e era avassaladora: invocando um extenso número de artigos dos mais diversos códigos, os serviços da câmara davam um rotundo não à pretensão do proprietário de fechar a dita cuja janela.

E assim, o dono da casa não só ganhou uma janela nova, como ficou com toda a argumentação jurídica para rebater alguém que, algum dia, se atreva a vir dizer-lhe que tem de fechar a janela! [....]


Nicolau Santos, in "Expresso online"

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Demasiado para ser só um comentário...

...embora talvez não mereça ser um post. No entanto, é um comentário que faço ao post do MigDeF. E começo pelo ponto 2, deixando o ponto 1, pois foi o segundo que mais me fez querer exprimir a minha opinião e porque considero o primeiro mais válido. Não obstante, deixarei muita coisa por dizer, até porque o assunto me parece interminável.

Na dúvida, não se recomenda a IVG. Mas alguma mulher aparecerá agora num estabelecimento de saúde legalmente autorizado para pedir aconselhamento porque tem dúvidas? Esse mesmo aconselhamento que foi retirado pelo PS do projecto de lei? Irá, segundo o seu Secretário-Geral, às vezes também Primeiro-Ministro (ou ao contrário!), repô-lo! Disse-o ontem e ainda bem! Mas, irá mesmo alguma mulher pedí-lo? Irá a mãe da criança, com ou sem consentimento ou, tão pouco, conhecimento do pai, deslocar-se ao centro de saúde a pedir ajuda? Espero que sim, mas espero que não lhe aconteça o mesmo que aconteceu há dias a uma mulher que foi à PSP apresentar queixa de maus tratos por parte do marido. É que, se queremos analisar as questões sociais, temos que as analisar todas!!!


A IVG pode realizar-se até às 10 semanas. Até quando pode a mulher comparecer no estabelecimento de saúde legalmente autorizado para requerer uma IVG? É que se não há limite, também não me parece que vá haver aconselhamento em muitos casos por falta de tempo. Essa falta de tempo que, embora não sendo o cerne da questão, eu sublinho como importante. Não vou, a partir de agora, embora já não o fizesse, encarar de ânimo leve uma abertura de telejornal com a notícia de um senhor de x anos que morre por falta de tempo, dinheiro, exames, médicos, ambulância para o transportar para um serviço especializado, etc... Se há dinheiro, tempo, planeamento e, inclusive, disponibilidade a qualquer nível para realizar uma IVG em clínica privada por o S.N.S. não conseguir dar conta do recado, não pode alguém carecer de cuidados urgentes quando está em perigo de vida. Acho que, no limite, a escolha entre deixar alguém morrer ou alguém ser obrigado a ter um filho não é difícil. Mais, não concebo que alguém tenha outra opinião!


Não me desviando, "não me sinto na posição moral de condenar uma mulher que decide não continuar uma gravidez por achar que, por algum motivo, não consegue assegurar toda essa humanidade a essa vida", mas o resultado do referendo ditado por uma maioira deixa toda uma sociedade... perdão, toda uma parte feminina de uma sociedade a ter a moral de usar dos meus impostos e do nosso já incapaz S.N.S. para corrigir os seus erros e/ou irresponsabilidades.
Falta muito aconselhamento e planeamento familiar? Falta! Mas há muitos cartazes nos estabelecimentos de saúde legalmente autorizados e muita gente disposta a ajudar quem não tem informação sobre métodos contraceptivos e planeamento familiar. Sem custo para o utente!!! Porque não o procuraram até agora? Será uma questão social que se esqueceram de analisar?

Um feto não aparece do nada! Tem um acto associado que exige responsabilidade. Se essa responsabilidade não existe no acto, também não existirá até às 10 semanas. O facilitismo nunca foi uma boa medida! E se a mesma mulher recorrer variadíssimas vezes à IVG? Não recorre, dizem os defensores do Sim, porque essa atitude deixa marcas físicas e psicológicas muito graves na mulher. Se deixa, porque a querem liberalizar, porque não se viu por parte do Sim nenhuma barreira na despenalização, transferindo o problema das mulheres que chegam aos hospitais em mau estado de saúde depois de uma IVG de "vão de escada" dos clínicos para os psicólogos.


Talvez seja ignorância minha, mas nunca pensei que a implementação de vários problemas fosse a solução de outros problemas. E muito menos que a decisão tivesse que ser tomada com tanta falta de informação! Não foi assim que me ensinaram a viver.

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11 fevereiro 2007

Questão encerrada?



(Se não se vir bem os gráficos, pf clique em cima da imagem.)


De facto, não há qualquer dúvida!

Os Portugueses votaram em maior número e mudaram claramente de opinião nos últimos 9 anos sobre a IVG.

Ganhou a democracia sem qualquer dúvida. Perdeu a via das soluções de e com futuro.

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10 fevereiro 2007

Porque voto SIM

1. No cerne da questão não estão os impostos, o Serviço Nacional de Saúde, a propriedade da barriga das mulheres ou a modernidade, argumentos que radicais de um lado e outro têm aduzido mais vezes que as que o meu estômago tolera.No cerne da questão está isto: a vida humana. Não a vida, mas a vida humana.
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Para os defensores do NÃO, a vida humana começa no momento da fusão do espermatozóide com o óvulo. Aí está a vida humana. Pelo menos em potência.
Ao contrário do que os radicais do SIM querem fazer crer, esta é uma posição respeitável. A sua convicção é forte e compreensível, por isso deve ser respeitada. E eu respeito, mas não concordo.
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Uma vida é humana não apenas por ser vida, mas por ser... humana (passe a redundância). Sobretudo por ser humana.
O que define essa humanidade não é a biologia, mas a rede de afectos. A nossa humanidade não resulta de um cérebro a funcionar, de um fígado eficaz, de um músculo activo.
A nossa humanidade resulta das nossas relações: com a mãe e o pai, com os irmãos, com a família, com os amigos, até com os inimigos.
A nossa humanidade resulta desta rede de relações que nos torna seres em comunidade, parte integrante de redes e sub-redes e sub-sub-redes de relacionamentos com o outro, com os outros. Redes de afectos, de sentimentos, de emoções, de amores, de ódios e de tudo o mais que nos torna humanos.
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E portanto eu pergunto: que vida humana é esta que tem de ser vida a qualquer preço, mesmo que à custa da parte humana?
Que vida é esta que, tantas vezes, queremos condenar à pobreza extrema, ao desinteresse dos pais, à infância miserável, à família desestruturada, ao abuso constante, à violência, ao presente sem luz, ao futuro sem esperança?
Que vida é esta que queremos condenar à dificuldade e ao sofrimento?
Que vida humana é esta que queremos condenar à desumanidade?
E porque queremos condenar a mulher que, face a estas perspectivas, opta por não querer continuar a gravidez porque sabe que não pode assegurar essa humanidade básica?
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2. E, finalmente, o argumento que me fez decidir em 1998. Perante uma situação concreta, duvido que recomendasse a alguém fazer uma IVG. Mas não me sinto na posição moral de condenar uma mulher que decide não continuar uma gravidez por achar que, por algum motivo, não consegue assegurar toda essa humanidade a essa vida. Não acredito que essa decisão seja tomada por um "estado de espírito" ou um "capricho" (Marcelo Rebelo de Sousa dixit). Só quem desconhece em absoluto o que é a natureza humana pode pensar que tal é possível.
Por isso não me sinto moralmente capaz de condenar uma mulher que tenha recorrido a essa medida drástica.
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Por isso voto SIM.
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Sou Pai, não me matem!!!

Quando a minha Filha nasceu, nasci também como Pai. Nunca imaginaria que tal acontecimento provocasse tamanha descoberta de afectos, emoções e devoções. Nunca ninguém nos ensina a ser Pais. Ninguém nos diz o suficiente para nos prepararmos para esse momento. Ensinam-nos tudo: a conduzir, a ler, a escrever, a andar, a falar, a cantar e tantas outras coisas. Mas, a ser Pais ninguém nos pode ensinar. É uma aprendizagem que nasce pelo nascimento de um 1º Filho.

A minha Filha nasceu de um Grande Amor. Um Amor daqueles que não se entendem pela totalidade e acabam por não se viver na plenitude. Daqueles que sonhamos viver mas não temos espaço para dominar. A minha Filha é a humanização desse Grande Amor!

Volvidos 10 anos sobre o último referendo sobre a IVG, nada mudou no nosso País! As crianças, o elemento mais importante em todo o contexto social (pelo menos deveriam ser, a par dos idosos) continuam a ser mal tratadas pela Nação/Estado.

Nada, mesmo nada, se tem feito para reverter este facto! Infelizmente, o drama social aumenta e a Nação entretem-se com discussões de quando começa a Vida, isto para além das habituais tangas do futebol, árbitros e apitos douradinhos (tipo os da Iglo)!

Amanhã, dia 11 de Fevereiro, não se vai votar se a Vida nasce antes ou depois das 10 semanas! Amanhã, vota-se no futuro da Nação! Se somos ou não um País capaz de se desenvolver para acolher, criar e estimar os seus mais que tudo - as Crianças!

Na China o idoso é elemento soberano e tratado como privilegiado porque lhe é reconhecido o dom do conhecimento, da experiência e do exemplo de Vida. As crianças são tratadas e educadas para lhe seguirem os passos e também elas atingirem um dia esse tal estado de graça. A sociedade afirma-se pelo conhecimento e pela transmissão de valores. Mesmo com todas as vicissitudes que ao longo da Vida se antevêem. E mesmo com aquela gigante muralha...

Voltando ao tema da IVG, então o importante é saber se às 10 semanas existe ou não Vida??? Não!!! Nunca!!!

Para mim o crítico é saber se, às 10 semanas, alguém que pretende efectuar uma IVG, tem mais ou menos consciência sobre o que aconteceu no momento do acto que gerou a gravidez! Se é mais ou menos responsável nesse momento, do que o foi anteriormente, para exercer tal acto e pretensão de forma responsável.

(Já agora, onde fica o direito de um Pai - que queira vir a sê-lo - de ter participação na opção de uma IVG?)

Para mim esta discussão está só um nível: alguém tem direito a exterminar um processo natural de gestação de uma Vida de forma responsável? Se iniciou o processo de forma irresponsável, então assuma a responsabilidade de o levar por diante. É assim a Vida! Temos que assumir as consequências dos nossos actos. Aprender com eles! E não fugir às consequências mesmo que muito duras e crúeis sejam! É aqui que o Estado tem que intervir. É nesse momento que tem que estar vocacionado e preparado par apoiar e incentivar os Pais para que a Criança seja dignamente criada, educada e acarinhada! E este incentivo inicia-se na escolinha... A ensinar os/as meninos/as a brincarem aos namorados!!!

Numa sociedade em que existem métodos contraceptivos, porque é que é necessário alargar a banda e a diversidade dos mesmos? É que esta alteração legal, a ser validada neste referendo, passa a ser um legalíssimo e gratuitíssimo método contraceptivo! Ou não é de aborto livre, gratuíto e indiscriminado que estamos a falar?

Considero indigna toda a campanha que ambas as posições têm realizado! Sobretudo porque o fundamental da questão tenta-se escamutear: as condições indignas em que se praticam os abortos! Então e criminalizar as pessoas que têm "chafarricas" por esse País fora e que são verdadeiros carniceiros? Porque não se verifica a aplicação penal a esta gente? Porque não se elimina de uma vez por todas este cancro social? É que quem é a favor da IVG, ou seja, de eliminar uma Vida de forma indiscriminada, deveria ser a favor também da aplicação da pena capital a quem não interessar à Sociedade! Ou vão dizer-me também que há diferenças?

Amanhã, vou votar NÃO!!! E vou porque amo a Vida e sou responsável por contribuir à minha escala para a dignidade social e para que outros possam viver melhor. Preocupa-me colaborar socialmente para que a Vida dos mais desfavorecidos sejam melhorada e dignificada.

(Afinal a política não é isso? Uma forma de contribuir para o bem estar da comunidade e suas condições de Vida?)

E este esforço colectivo tem que começar logo pelos mais inocentes! Não podemos, nem temos o direito de, impedir que VIVAM num mundo cada vez mais egoista (sim! é egoísta!) ao votar num lei exterminadora (sim! é exterminadora que se diz!)!

Sou Pai! E como Pai, não admito que nos me matem esse incrível e maravilhoso direito!

Repetindo-me, a minha Filha nasceu de um Grande Amor. Um Amor daqueles que não se entendem pela totalidade e que acabam por não se viver na sua plenitude. Daqueles que sonhamos viver mas não temos espaço para dominar. A minha Filha é a humanização desse Grande Amor! Desse enorme feito, a VIDA!

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08 fevereiro 2007

O Desperdício do que não há!

Aqui há uns dias surgiu na televisão a bombástica notícia: o Governo, pela parte do ministério da Saúde, tinha em seu poder um estudo que afirmava que Portugal desperdiçava, por ano, mais de 500 milhões de euros, sendo que se estima que, desses, "328 milhões, ou seja, 60 por cento, são suportados pelos contribuintes, através das comparticipações e os restantes 219 são gastos pelos utentes no acto de compra." Não vou enveredar pelo caminho da polémica e esgrimir argumentos e criticar o ministro por proibir a disponibilização do estudo quando a isso é obrigado. Vou só constatar alguns factos curiosos sobre o assunto.

Este governo tem, por várias razões, da qual se destaca a maiorira absoluta, uma oportunidade excelente para reformar Portugal. O país está, curiosamente (ou não!), algo coeso na ideia de reformar. Para muitos, já não interessa quem é o partido ou o ministro. Muitos vêem o país tão mal, que já só interessa mesmo é melhorar, seja de que maneira for. É por isso que não percebo o que impede este governo de fazer tão mais e melhor do que actualmente se vê. A comecar por confundir o conceito de 'contenção' com o de 'fecho', seja o assunto escolas, maternidades, centros de saúde ou esquadras, e a acabar na interminável lista de promessas que ficam esquecidas continuamente. Até mesmo aquelas feitas já depois de eleitos! É que não há necessidade...

A 26 de Maio de 2006, Sócrates, em plena Assembleia da República, prometeu a introdução da distribuição de medicamentos em unidose. Inacreditavelmente, médicos e farmacêuticos estavam de acordo! Foi, talvez, uma rendição àquilo que não tem argumentos contra.
Mais uma medida que, embora copiada (tardiamente) doutros países, é uma excelente medida. Mas, já depois disso, o seu ministro da Saúde, porque neste governo a palavra deste (assim como o da Economia) não tem que ser a mesma do líder - talvez uma herança do "diálogo" do anterior chefe de governo socialista do qual Sócrates fez parte - já afirmou que essa é uma medida para as farmácias hospitalares e, só depois, para estudar a sua possível implantação nas farmácias de rua. Ora, depois das promessas para ganhar eleições, agora também é preciso promessaspara manter um governo, ainda que tenha maioria absoluta?

Mas a notícia conhecida há dias, por haver um estudo conhecido há dias, não é nada de novo. Aliás, usando o motor de busca na internet mais conhecido e usado do mundo para procurar algo tão simples como 'desperdicio medicamentos', retorna-nos, como primeiro resultado, o resumo de um estudo apresentado na 9ª Conferência Nacional da Economia da Saúde em Coimbra, de 24 a 26 de Novembro de 2005. Esse resumo já apresentava um estudo prévio feito em 2002 na região Centro e estaria terminado em Março de 2006, faltando apenas nessa altura efectuar os cálculos e concluir os resultados.
Como este retorno do Google, vêm muitos outros que não são novos!

No fim, deixo todos os ataques e polémicas e termino com uma pergunta que, infelizmente, marca sempre todas as reformas portuguesas:

Estão à espera de quê?

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06 fevereiro 2007

IVG: Sim ou Não?

É já no próximo Domingo que se realiza um novo referendo sobre a despenalização do aborto. O que se vai decidir é se uma mulher pode, sem justificação, proceder à interrupção voluntária da gravidez, até às 10 semanas.

Por princípio ideológico (religioso ou não!), ninguém estará de acordo com o aborto. Por muito que se diga e se filosofe, trata-se de decidir a morte de alguém.

Na minha modesta opinião, a questão não tem a ver com a liberdade da mulher poder decidir. Parece-me não ter o direito de optar em ter ou não ter um filho, depois de estar grávida. Ela não pode optar no momento da criação? Concerteza que pode. Se o fez sujeitou-se ao risco e deve responsabilizar-se pelo seu acto e não fugir com o rabo à seringa. Pouco importa se a pílula não funcionou ou o preservativo rebentou. Apesar de tudo, quantos de nós com possibilidades de recorrer a clínicas privadas no exterior, caso estivéssemos perante uma situação de gravidez não desejada, optaria efectivamente por não abortar? Seremos assim tão equilibrados por princípios tão claros ou só estaremos a pensar que os outros é que fazem abortos?

Hoje o aborto clandestino existe e as principais vítimas são as mulheres que não têm em quem se apoiar e que tomam muitas vezes a decisão errada (quer de fazer o filho, quer de interromper a gravidez). Recorrem a “carniceiros” e muitas vezes porque não têm a informação que tantos nós temos o privilégio de ter. O grande problema é mesmo a sociedade em que vivemos. Para quem tem o seu lar, a sua família, a oportunidade de estudar, de aprender ou de se informar, o não ao aborto parece óbvio.

No entanto, a sociedade tem demasiados desequilíbrios. Infelizmente, nem todas as pessoas têm o mesmo nível de formação, informação e mesmo de amor! Por isso, cometem o que os outros acham um erro. Essas mulheres têm que sofrer por tal acto, tendo que arriscar mesmo a própria vida? Será justo que existam médicos a ganhar fortunas aproveitando-se de uma ilegalidade que dificilmente pode ser controlada?

O que mudou desde o último referendo para que haja a expectativa de que algo vá mudar agora, se ganhar o NÃO?

Quantas crianças nascem em lares que não apresentam condições mínimas para dar uma vida consonante com os padrões mínimos de sobrevivência? Será que também nessa situação estamos a ser justos com a criança? Será que estamos a ser socialmente responsáveis?

Contudo, se o SIM ganhar, passaremos a ter nos hospitais a possibilidade de abortar com as condições sanitárias necessárias ao bem-estar da mulher. Nesta situação, quantas mulheres irão abortar porque engravidaram do amante? Infelizmente é o que também vai acontecer!


Tudo na vida tem consequências e, quer ganhe o SIM quer ganhe o NÃO, a sociedade tem uma dura tarefa para enfrentar!


Se ganhar o SIM nunca teremos uma solução, pois será necessário que o processo seja acompanhado por uma melhor educação sexual e social. Só assim o aborto poderá efectivamente diminuir. De outra forma vai aumentar.

Se ganhar o NÃO tudo vai continuar como até aqui. A lei não é aplicada e cá estamos nós na hipocrisia social. O aborto existe, fechemos os olhos, não condenemos e deixemos que as mulheres morram ao colo do “carniceiro”! Só porque nós achamos que não! Se uma mulher o faz na mesma, ao menos que o faça em segurança e cá estaremos para a condenar de acordo com os princípios de cada um!

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