09 dezembro 2005

A JP e Cavaco

Líder distrital da Juventude Popular não apoia Cavaco, mas “eventualmente” votará nele
“Partido reencontrará o rumo”


A distrital do Porto da Juventude Popular tem um novo líder. Pedro Moutinho é o senhor que se segue depois de, anteontem à noite, ter assumido, formalmente, a liderança do partido. Em entrevista, apresenta os seus objectivos e garante que “a pronúncia do Norte” se vai fazer ouvir.
Marta Araújo

Como é que surgiu a candidatura à distrital da JP do Porto?
Há dois anos participei, como militante base no primeiro congresso distrital do Porto que, foi em Gaia. Na altura era um simples militante mas fiquei bastante motivado com a forma como decorreu o congresso. Não participei em qualquer lista mas desde cedo me disponibilizei a trabalhar com aquela equipa. Eles tinham um trabalho muito árduo a fazer, principalmente arranjar militantes e montar estruturas a nível do distrito. Isso foi um trabalho que foi bem conseguido e que eu acompanhei quase desde raiz. Participei nas diversas campanhas, foram dois anos intensos de campanhas e eu estive em todas elas. Gostei imenso do trabalho que foi feito e, na altura, senti um grande calor e carinho por parte das pessoas que estavam nos diversos concelhos. Sabendo que podia contar com eles, decidi candidatar-me.
A desistência do anterior líder em prol da sua candidatura foi pacífica?
O Miguel não desistiu. O Miguel é o maior amigo que tenho na política. Chegado a este momento entendeu que era altura de o trabalho ser continuado por outra pessoa. Eu, sabendo que seria a pessoa certa para continuar o trabalho que ele tinha iniciado, propus-me a fazê-lo. Obviamente que, desde o início, fui apadrinhado por dele porque somos amigos e ele revê-se também na minha forma de fazer política.
Quais são os objectivos que pretende atingir com esta candidatura?
Nos próximos dois anos quero actuar em duas direcções. Uma a nível interno e para a organização, e outra é o resultado que quero obter da política que eu vou exercer. A nível interno, e uma vez que já estão indagadas as pessoas - as estruturas já estão implementadas - eu acho que é altura de lhes dar formação. É preciso amadurecer ideias e dotarmo-nos para o combate político de hoje em dia, que é muito exigente muito forte. E nesse sentido, vou organizar o máximo de colóquios possível sobre doutrina, desafios políticos da actualidade, e respectivas soluções. A nível externo, quero preparar uma equipa, no distrito, que volte a dar ao Porto a visibilidade e o destaque que o já teve a nível nacional.
Como é que define o actual estado do CDS/PP?
Nós saímos de um congresso há seis meses e é sempre difícil começar de novo. Principalmente depois de uma liderança como a que tivemos por parte de Paulo Portas. Eu penso que o partido vai saber dar resposta a isto. As arestas ainda estão a ser limadas mas o partido irá reencontrar o seu rumo. Vamos saber conjugar todas as forças do partido na mesma direcção e estou perfeitamente convencido que, num futuro muito próximo, o partido estará com toda a pujança que sempre teve.
Pujança essa que Ribeiro e Castro não tem conseguido impor?
Ribeiro e Castro tem sido uma das forças do partido. Obviamente que não estando no palco político prestigiado português que é a Assembleia da República tem uma maior dificuldade em se expor, principalmente à população e não tanto a nível interno do partido. Trata-se de um presidente que sempre foi e será respeitado.
Ribeiro e Castro tem perfil para ser líder?
Ribeiro e Castro ganhou um congresso e não o ganhou sozinho. Há algo, na sua liderança, que é muito positivo: o facto de não deixar que a liderança seja talhada ao sabor do vento ou ao sabor daquilo que as pessoas queriam que ela fosse. Ele tem o seu próprio estilo, a sua própria forma de se impor.
Quando diz que o partido vai conseguir encontrar o seu rumo, isso será com um novo líder?
Isso é o partido que terá de decidir no congresso ordinário. Eu acho que neste momento a questão da liderança não deverá ser colocada. O que devemos é estar todos unidos e a trabalhar com o actual presidente do partido porque o contrário só fragiliza a ele e, consequentemente, a todos nós.
Uma vez que exerce a sua actividade profissional em Lisboa, na Assembleia da República, não teme a acusação de ser um líder fisicamente ausente?
O trabalhar em Lisboa, e no século XXI e no mundo em que nós vivemos actualmente, não é significante porque as distâncias não devem ser medidas por quilómetro mas sim por tempo. E eu, neste momento, estou sempre a duas horas do Porto. Não houve uma única vez em que uma estrutura local do partido precisasse de mim, ou da JP, e eu cá não estivesse.
De alguma forma este seu passo pode ser entendido como um aproximar da liderança da JP a nível nacional, uma vez que já é o seu número dois?Nunca estive na JP a pensar naquilo que vou fazer amanhã. Vim para cá pelo próprio pé e pelo gosto que tenho pela política. Não posso estar a pensar, de forma nenhuma, no que vai acontecer daqui a dois anos porque não faço ideia como se vai desenrolar, politicamente, na JP e na minha vida profissional.
Qual é a sua opinião relativamente ao facto do seu partido na apoiar a candidatura de Cavaco Silva?
Votei contra o apoio a essa candidatura. Não me revejo em nenhuma das candidaturas presidenciais neste momento. A JP não se revê porque nenhum deles é um actor político do presente e muito menos do futuro. São todos actores políticos do passado, todos eles com enormíssimas responsabilidades no estado em que se encontra o País. Não há marca de esperança em nenhum deles. O partido deveria ter criado condições para que surgisse uma candidatura da área política do CDS.
E quem poderia encabeçar essa candidatura?
Se tivessem sido criadas condições para uma candidatura, não haveria qualquer problema em ter, como candidatos presidenciais, pessoas como Nuno Melo, Pires de Lima, Paulo Portas, Bagão Félix, da Maria José Nogueira Pinto, que seria, sem dúvida, uma excelente candidata, e, obviamente, o presidente do nosso partido, José Ribeiro e Castro.
Por uma questão de aproximação de ideologias, orientará o seu sentido de voto para Cavaco Silva?
Eventualmente.

Comments:
Vim cá através do blog do Fernando e gostei do q li...
Voltarei de certeza...

Abraço da Zona Franca
 
Quando vivem presos ao ex-Director do Semanário anti-Cavaco, é nisto que dá! Que mediocridade!
 
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