31 dezembro 2005

O fim de um ciclo...

A vida política portuguesa parece-se com o sistema operacional de um computador. Tudo é previsível, tudo está programado, sem espaço para rupturas. A campanha para as presidenciais é o exemplo perfeito disso.

Num país que substituiu os "vencidos da vida" pelos "convencidos da vida", estas eleições são o epílogo de três décadas de democracia. Fecha-se um ciclo de dirigentes. Veja-se o que sobra da candidatura de Manuel Alegre: pó.

Algo que nunca ficará para a história. Alegre, a partir de um partido político maioritário, poderia ter emergido como o pau na engrenagem dos jogos de poder. O problema é que ele não soube interpretar a ruptura.

É apenas a "voz moral" que sempre conviveu com o "status quo" partidário. Louçã e Jerónimo de Sousa são pirogas perdidas no meio do oceano. Restam Cavaco e Soares para travar o último combate de um ciclo político.

O ajuste de contas entre eles marcará as primeiras semanas de 2006. Mas, depois deles, uma nova geração de políticos terá de se colocar em bicos de pés para vislumbrar Belém. Serão muito diferentes de Soares e Cavaco.

Pertencerão a um núcleo de líderes menos ideológicos e mais pragmáticos. A política em Portugal será diferente.

A dúvida é se será mais estimulante.

Fernando Sobral in Jornal de Negócios - 30/12/2005

Fernando Sobral, apesar de pertencer a uma geração menos jovem, dava um excelente Gladiador! Traduz em 7 parágrafos aquilo que centra hoje as reflexões e diagnósticos feitos à política e aos políticos portugueses. Falta apenas aqui a pescrição para tão exemplar diagnóstico!


Comments:
O Fernando Sobral não deve perceber nada de computadores. Ou pelo menos deve desconhecer o Windows.
É que se conhecesse o Windows nunca diria que num sistema operativo tudo é previsível...
 
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