01 dezembro 2005

A eliminação dos cursos rejeitados...

A supressão pelo ministério da tutela de 200 cursos superiores com um número exíguo de matrículas, quase todos de carácter técnico, é um problema que tem, seguramente, mais de um motivo.

Em primeiro lugar, resultará da falta de capacidade do nosso mercado de trabalho para absorver, em número que mantenha viva uma valência docente específica, os licenciados em cada uma das partículas em que se pulverizou o ensino técnico superior. Serão certamente necessários especialistas em cada um desses nichos tecnológicos, mas não temos nem população escolar nem estrutura empresarial suficientes para assegurar, no país, a formação em todos eles. Nas últimas décadas, passámos das cinco ou seis especialidades que, se não me engano, se ensinavam em todas as faculdades de engenharia do país, para o elevadíssimo número das que hoje se ensinam. Foi uma evolução inevitável, por via do desenvolvimento e da diversificação de todos os sectores das ciências experimentais e das tecnologias, mas que, creio, ultrapassou os limites razoáveis num país com a nossa dimensão económica.

Mas há, julgo eu, outro motivo para o malogro desses cursos, que justifica, aliás, serem quase todos de escolas periféricas. É que a iniciativa da sua criação resulta, muitas vezes, de brios regionalistas e de um cálculo irreal da capacidade de atracção desses cursos, quando não de muitas escolas.

Rui Camacho in Jornal de Notícias - 01/12/2005

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