08 fevereiro 2007

O Desperdício do que não há!

Aqui há uns dias surgiu na televisão a bombástica notícia: o Governo, pela parte do ministério da Saúde, tinha em seu poder um estudo que afirmava que Portugal desperdiçava, por ano, mais de 500 milhões de euros, sendo que se estima que, desses, "328 milhões, ou seja, 60 por cento, são suportados pelos contribuintes, através das comparticipações e os restantes 219 são gastos pelos utentes no acto de compra." Não vou enveredar pelo caminho da polémica e esgrimir argumentos e criticar o ministro por proibir a disponibilização do estudo quando a isso é obrigado. Vou só constatar alguns factos curiosos sobre o assunto.

Este governo tem, por várias razões, da qual se destaca a maiorira absoluta, uma oportunidade excelente para reformar Portugal. O país está, curiosamente (ou não!), algo coeso na ideia de reformar. Para muitos, já não interessa quem é o partido ou o ministro. Muitos vêem o país tão mal, que já só interessa mesmo é melhorar, seja de que maneira for. É por isso que não percebo o que impede este governo de fazer tão mais e melhor do que actualmente se vê. A comecar por confundir o conceito de 'contenção' com o de 'fecho', seja o assunto escolas, maternidades, centros de saúde ou esquadras, e a acabar na interminável lista de promessas que ficam esquecidas continuamente. Até mesmo aquelas feitas já depois de eleitos! É que não há necessidade...

A 26 de Maio de 2006, Sócrates, em plena Assembleia da República, prometeu a introdução da distribuição de medicamentos em unidose. Inacreditavelmente, médicos e farmacêuticos estavam de acordo! Foi, talvez, uma rendição àquilo que não tem argumentos contra.
Mais uma medida que, embora copiada (tardiamente) doutros países, é uma excelente medida. Mas, já depois disso, o seu ministro da Saúde, porque neste governo a palavra deste (assim como o da Economia) não tem que ser a mesma do líder - talvez uma herança do "diálogo" do anterior chefe de governo socialista do qual Sócrates fez parte - já afirmou que essa é uma medida para as farmácias hospitalares e, só depois, para estudar a sua possível implantação nas farmácias de rua. Ora, depois das promessas para ganhar eleições, agora também é preciso promessaspara manter um governo, ainda que tenha maioria absoluta?

Mas a notícia conhecida há dias, por haver um estudo conhecido há dias, não é nada de novo. Aliás, usando o motor de busca na internet mais conhecido e usado do mundo para procurar algo tão simples como 'desperdicio medicamentos', retorna-nos, como primeiro resultado, o resumo de um estudo apresentado na 9ª Conferência Nacional da Economia da Saúde em Coimbra, de 24 a 26 de Novembro de 2005. Esse resumo já apresentava um estudo prévio feito em 2002 na região Centro e estaria terminado em Março de 2006, faltando apenas nessa altura efectuar os cálculos e concluir os resultados.
Como este retorno do Google, vêm muitos outros que não são novos!

No fim, deixo todos os ataques e polémicas e termino com uma pergunta que, infelizmente, marca sempre todas as reformas portuguesas:

Estão à espera de quê?

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Comments:
Isto sim é um exemplo de participação activa e de oposição firme e construtiva ao Governo!

O Marques Mendes devia era aprender contigo umas cenas :)

Abraço!
 
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