12 fevereiro 2007

Demasiado para ser só um comentário...

...embora talvez não mereça ser um post. No entanto, é um comentário que faço ao post do MigDeF. E começo pelo ponto 2, deixando o ponto 1, pois foi o segundo que mais me fez querer exprimir a minha opinião e porque considero o primeiro mais válido. Não obstante, deixarei muita coisa por dizer, até porque o assunto me parece interminável.

Na dúvida, não se recomenda a IVG. Mas alguma mulher aparecerá agora num estabelecimento de saúde legalmente autorizado para pedir aconselhamento porque tem dúvidas? Esse mesmo aconselhamento que foi retirado pelo PS do projecto de lei? Irá, segundo o seu Secretário-Geral, às vezes também Primeiro-Ministro (ou ao contrário!), repô-lo! Disse-o ontem e ainda bem! Mas, irá mesmo alguma mulher pedí-lo? Irá a mãe da criança, com ou sem consentimento ou, tão pouco, conhecimento do pai, deslocar-se ao centro de saúde a pedir ajuda? Espero que sim, mas espero que não lhe aconteça o mesmo que aconteceu há dias a uma mulher que foi à PSP apresentar queixa de maus tratos por parte do marido. É que, se queremos analisar as questões sociais, temos que as analisar todas!!!


A IVG pode realizar-se até às 10 semanas. Até quando pode a mulher comparecer no estabelecimento de saúde legalmente autorizado para requerer uma IVG? É que se não há limite, também não me parece que vá haver aconselhamento em muitos casos por falta de tempo. Essa falta de tempo que, embora não sendo o cerne da questão, eu sublinho como importante. Não vou, a partir de agora, embora já não o fizesse, encarar de ânimo leve uma abertura de telejornal com a notícia de um senhor de x anos que morre por falta de tempo, dinheiro, exames, médicos, ambulância para o transportar para um serviço especializado, etc... Se há dinheiro, tempo, planeamento e, inclusive, disponibilidade a qualquer nível para realizar uma IVG em clínica privada por o S.N.S. não conseguir dar conta do recado, não pode alguém carecer de cuidados urgentes quando está em perigo de vida. Acho que, no limite, a escolha entre deixar alguém morrer ou alguém ser obrigado a ter um filho não é difícil. Mais, não concebo que alguém tenha outra opinião!


Não me desviando, "não me sinto na posição moral de condenar uma mulher que decide não continuar uma gravidez por achar que, por algum motivo, não consegue assegurar toda essa humanidade a essa vida", mas o resultado do referendo ditado por uma maioira deixa toda uma sociedade... perdão, toda uma parte feminina de uma sociedade a ter a moral de usar dos meus impostos e do nosso já incapaz S.N.S. para corrigir os seus erros e/ou irresponsabilidades.
Falta muito aconselhamento e planeamento familiar? Falta! Mas há muitos cartazes nos estabelecimentos de saúde legalmente autorizados e muita gente disposta a ajudar quem não tem informação sobre métodos contraceptivos e planeamento familiar. Sem custo para o utente!!! Porque não o procuraram até agora? Será uma questão social que se esqueceram de analisar?

Um feto não aparece do nada! Tem um acto associado que exige responsabilidade. Se essa responsabilidade não existe no acto, também não existirá até às 10 semanas. O facilitismo nunca foi uma boa medida! E se a mesma mulher recorrer variadíssimas vezes à IVG? Não recorre, dizem os defensores do Sim, porque essa atitude deixa marcas físicas e psicológicas muito graves na mulher. Se deixa, porque a querem liberalizar, porque não se viu por parte do Sim nenhuma barreira na despenalização, transferindo o problema das mulheres que chegam aos hospitais em mau estado de saúde depois de uma IVG de "vão de escada" dos clínicos para os psicólogos.


Talvez seja ignorância minha, mas nunca pensei que a implementação de vários problemas fosse a solução de outros problemas. E muito menos que a decisão tivesse que ser tomada com tanta falta de informação! Não foi assim que me ensinaram a viver.

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Comments:
Demolidor!!! :)
 
Se há dinheiro para a IVG também hà, com certeza, para apoiar a maternidade, para ajudar todas aquelas que querem levar até ao fim a responsabilidade dos seus actos e, por maioria de razão, aquelas (aqueles!) cuja razão única de se encontrarem à porta de uma IVG sofridissima é a de ue não vislumbram hipótese de ter o filho porque não conseguirão dar-lhe existência condigna. É imperativo de consciencia nacional apoia-los. Já houve o abono de familia para ajudar a alimentar e educar capazmente os filhos. Por certo que este governo, preocupado com os problemas sociais, não fará, pela maternidade, menos do que era feito antes de 1974.
 
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