27 dezembro 2006
"Explosão e Recessão em Portugal: Lições Para os Novos Membros da Zona Euro"
Mas, muito a sério, é realmente triste que o nosso país seja dado como exemplo a evitar numa obra fornecida pela CE aos novos aderentes à moeda única.
Dos 5 ensinamentos que a CE dá, destaco o "cuidado com os erros de sobreavaliação do crescimento do PIB nas fases altas do ciclo". Mesmo isolado de todos os outros e de tudo, é mesmo à 'tuga'!
Tudo aqui.
21 dezembro 2006
Feliz Natal a todos (e a todas, para ser politicamente correcto)!!!
17 dezembro 2006
Social-democracia - Parte III
Aqui há uns anos conheci o sr. Thomas Meyer que tinha sido responsável pela revisão ideológica do programa do Partido Social Democrata alemão. Perguntei-lhe como tinha conduzido o processo e, para minha estupefacção, ele explicou que organizava seminários de fim de semana para os quadros do partido, durante os quais se examinava e discutia complexos textos de Filosofia Política. Helmut Schmidt, que na altura era primeiro ministro, notabilizava-se por aparecer nesses seminários com os textos já cuidadosamente lidos e sublinhados.
Agora que o PSD português deu início ao seu processo de “aggiornamento” ideológico e outros partidos andam a pensar fazer o mesmo, interrogo-me sobre a metodologia que seguirão. Francamente, não estou a ver os políticos portugueses – de qualquer partido – à volta de uma mesa a discutir cuidadosamente as vantagens da teoria do democracia deliberativa de Jürgen Habermas, por comparação com a concepção de justiça como equidade de John Rawls, por exemplo. Mas é bem verdade que os partidos em Portugal necessitam especialmente de rever as suas referências ideológicas. Isso talvez os ajudasse a inovar o discurso e a lançar propostas políticas mais coerentes.
A nossa linguagem ideológica é muito antiga. A designação das principais ideologias políticas modernas – socialismo, liberalismo, conservadorismo – data do início do século XIX, mas as ideias que lhes subjazem são anteriores. A principal referência do conservadorismo é um livro de Edmund Burke, “Reflexões sobre a Revolução em França”, de 1790. O famoso ensaio de Stuart Mill “Sobre a Liberdade” é de 1859 e a obra emblemática do liberalismo económico, “A Riqueza das Nações”, de Adam Smith, é de 1776. O “Manifesto do Partido Comunista”, de Marx e Engels, que o nosso PCP considera perfeitamente actual, é de 1848. Mesmo a obra inspiradora do socialismo democrático e da social-democracia, na qual se reconhecem os nossos PS e PSD, “Os Pressupostos do Socialismo e as Tarefas da Social-Democracia”, de Eduard Bernstein, é de 1899.
Suponho que todos concordam com o facto de que algo se passou no mundo entre estas referências doutrinais e os nossos dias. Talvez seja o momento de dar um “grande salto em frente”, de ultrapassar outras importantes referências do século XX, e de ligar a ideologia dos partidos actuais ao pensamento actual. Imaginemos agora como seria se os partidos políticos portugueses decidissem seguir a metodologia do sr. Thomas Meyer e adoptar propostas ideológicas com base em leituras do pensamento político contemporâneo. Eis algumas propostas.
O Bloco de Esquerda poderia facilmente esquecer o seu trotskismo serôdio e adoptar um pensamento mais livre, mais experimental, juntamente com uma visão multiculturalista e a defesa das “políticas da diferença”. Os quadros do partido poderiam começar por ler Richard Rorty e outros pensadores pós-modernos, com os quais muito se identificariam. Mas deveriam investir, sobretudo, nas leituras que conduzem à celebração da multiculturalidade e da diferença, como a obra de Iris Marion Young, ou ainda a contribuição de Nancy Fraser.
O PCP poderia perfeitamente continuar a defender os trabalhadores contra a globalização neoliberal, mas sacudindo o pó ao marxismo-leninismo. Recorreria a novas referências doutrinais, como o marxismo analítico de John Roemer, talvez sabiamente misturado com o neo-marxismo bastante mais alucinado de autores como Toni Negri, ou Slavoj Žižek.
O Partido Socialista não teria quaisquer dificuldades em encontrar referências. O PS poderia recorrer a textos dos acima citados Rawls e Habermas, eventualmente temperados pelo comunitarismo liberal de Michael Walzer e Amitai Etzioni. É claro que seria bom que o PS se decidisse entre um liberalismo de esquerda e um comunitarismo ou solidarismo liberal, mas os programas partidários tendem a ser suficientemente abarcantes para combinar coisas à partida incompatíveis.
O PSD, tendo nascido como PPD, teria de tomar algumas decisões para adequar o nome à coisa. Será que o PSD pretende continuar a ver-se a si mesmo como social-democrata, ou prefere relançar as suas bases como popular-democrata? Alguns dos dirigentes do partido foram social-democratas, mas os militantes são mais do PPD do que do PSD. Se o PSD quiser manter a social-democracia os seus quadros terão de ler os mesmos autores que o PS e isso coloca alguns problemas de demarcação. Se quiser procurar outros caminhos, o PSD pode enveredar por leituras que condenam a interpretação demasiado expansiva da liberdade nas nossas democracias (Michael Sandel), ou a face imoral do distributivismo e do Estado social (Robert Nozick).
O CDS, que não é nem nunca foi um partido do centro democrático social, poderia assumir-se como um partido popular, ou um partido conservador. Para além do velho Burke, os seus quadros dirigentes deviam reunir-se para reflectir sobre os textos de John Kekes, Irving Kristol, etc. Bom proveito!
João Cardoso Rosas, Professor de Teoria Política
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15 dezembro 2006
O espanto por Rui Rio...
13 dezembro 2006
Biografia

Etiquetas: Personalidades, Política
07 dezembro 2006
Também sobre as raízes da social-democracia

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E ataca a ideia da existência de apenas duas classes sociais, uma opressora e uma oprimida, reivindicando a existência de várias classes interligadas e de um interesse nacional superior.
Em alternativa às teses marxistas que criticava, Bernstein defendia a melhoria gradual e constante das condições de vida dos trabalhadores (dar-lhes meios para ascender à classe média), tinha dúvidas quanto à necessidade de nacionalizações em massa de empresas e recusava a via da violência revolucionária para atingir o socialismo (como o socialismo era inevitável por motivos morais, não era necessário derramar sangue por ele − acabaria por chegar um dia).
Etiquetas: Política, Propedêutica
06 dezembro 2006
Relembrando... O que é a social-democracia?
A Internacional Socialista definiu a socialdemocracia como forma ideal de democracia representativa, que pode solucionar os problemas encontrados numa democracia liberal, enfatizando os seguintes princípios para construir um estado de bem estar social: Primeiro, a liberdade inclui não somente as liberdades individuais, entendendo-se por "liberdade" também o direito a não ser discriminado e de não ser submisso aos proprietários dos meios de produção e detentores de poder político abusivo. Segundo, deve haver igualdade e justiça social, não somente perante a lei mas também em termos económicos e sócio-culturais, o que permite oportunidades iguais para todos, incluindo aqueles que têm desigualdades físicas, sociais ou mentais. Finalmente, é fundamental que haja solidariedade e que seja desenvolvido um senso de compaixão para vítimas da injustiça e desigualdade.
Etiquetas: Política, Propedêutica
Enfim...
"Trata-se de um estudo pioneiro", afirmou o director da universidade, Anthony Shorrocks, durante a apresentação do relatório na Associação de Imprensa Estrangeira, em Londres, precisando que a investigação se baseia em dados de 2000.
Segundo o documento, um por cento dos adultos mais ricos é dono de 40 por cento dos activos mundiais, enquanto dez por cento desse grupo possuem 85 por cento de toda a riqueza.
Por zonas geográficas, "a riqueza está concentrada na América do Norte, Europa e em países da Ásia-Pacífico. A população destas nações possui colectivamente 90 por cento da riqueza total", refere o relatório.
Um por cento dos adultos mais ricos do planeta reside nos Estados Unidos, Japão, Reino Unido, França, Itália, Alemanha, Canadá, Holanda, Espanha, Suíça e Taiwan.
O estudo admite que os dados podem já estar ultrapassados, porque não reflectem economias emergentes como a China, a Índia e o Brasil.
05 dezembro 2006
Sá Carneiro, 1969

Numa época em que muitas pessoas de valor estão tentadas a afastarem-se do mundo político, este excerto do primeiro discurso político de Francisco Sá Carneiro, em 1969, deve ser recordado.
Etiquetas: Personalidades, Política
03 dezembro 2006
Flexisegurança
01 dezembro 2006
"Eu pago as inserções, que eu tenho um Visa. Pagas as Requalificações, está bem?"
Pois, logo vi... Tinha que ser! Vieram aqueles senhores que sabem as leizinhas todas, com um livrinho de 267 páginas, aborrecer a malta porque houve dinheiro usado na melhoria de vida dos cidadãos, mas não por quem devia... ou por quem não devia! De certeza que essas obras, pagas pela Metro do Porto (vou passar a chamar só Metro, está bem? É que dá muito trabalho escrever tudo...) ou pela respectiva autarquia não são pagas com Visa. É que, na fundação da Metro, ninguém pensou direito e não pediram ao banco um plafond grande. Os chefes têm um cartão com um plafondzito com 1250 euros. Ai não, afinal não! Esse é o plafond dos ex-chefes. Os chefes têm direito a mais uns trocos. E falam em gestão danosa e recomendam à AG fazer revisões de algumas coisas... Parece que há gente que gosta mesmo de aborrecer os outros. Falam em gestão danosa, mas depois eles "também não [têm a certeza], porque só faz[em] recomendação". Resumindo, o TC não sabe se os antigos administradores deveriam ter direito ao cartão de crédito. Pois bem, eu acho-me o maior da minha aldeia e afirmo desde já, em primeira mão... Bolas, dava jeito haver aqui uns jornalistas a ouvir-me para eu ter alguma exposição... Pronto, está bem, eu depois mando um comunicado à imprensa. Ora bem, como estava a dizer, eu sou o maior da minha aldeia e eu acho que está bem.
Então, se já foi chefe, tem que ter mínimos. É como os ex-presidentes da República. Só que estes é só da Metro. Mas o metro é bem grande... e vai até à Póvoa, é preciso ver!! Aqueles senhores, que são iluminados na gestão de dinheiro público, como sempre o demonstraram nas suas autarquias (e ex autarquias), merecem um sinal de apreço pelo trabalho realizado. Também diziam que, num dos municípios, um dos ex presidentes da Câmara que também foi administrador da Metro, recebia andares em vários prédios. Porquê? Porque as pessoas gostavam mesmo dele. É preciso gostar muito de alguém para dar assim uma prenda tão grande. E havia gente que dizia que estava mal! Que ele não tinha direito! Mas com que direito vêm essas ou outras pessoas dizer agora também que ele gasta o plafond do cartão de crédito todo? É mentira! É uma conspiração, uma cabala!... Ele é super poupado e só gasta, em média, 128 euros por mês, por ir a uma reunião de 15 em 15 dias. Só neste país... um homem mata-se a trabalhar, é explorado e ganha pouco, e ainda vêm para a praça pública sujar o seu bom nome... Sinceramente! Haja respeito...
(Este texto, um pouquinho irónico, foi a única maneira que encontrei de exprimir o que me vai na alma sem ficar num estado de sanidade mental que me levasse a ter comportamentos que poderiam vir a ser considerados errados ou, então, pudessem vir a prejudicar-me a mim e aos meus ou, ainda, prejudicar outros que me rodeiam, sem apelo nem agravo. Porque, como todos os senhores mencionados no texto, directamente ou ao de leve, estou de consciência tranquila, estou disponível para qualquer esclarecimento.)