17 março 2006

Congresso no Arquipélago - 1º discurso de Marques Mendes II

Entrou, então, na questão central do Congresso: as famosas directas. Desfiou os argumentos (válidos, para mim):

Os dois primeiros argumentos interessam pouco... correcção, não interessam nada ao congressista-tipo. O último sim. De facto, o famoso élan dos Congressos não é mais do que um eufemismo para isto: suspense e jogo de bastidores. O suspense tem piada, mas é o jogo de bastidores que mexe com os congressistas. Ao contrário do que correntemente se diz, o congressista típico não é um militante de base. É claro que a maioria não faz parte de uma qualquer elite, mas também não está propriamente na base. São os "corpos intermédios", os dirigentes locais e distritais, de uma estrutura em escada que ambicionam subir.

Portanto, não são propriamente os militantes de base que vão decidir se o líder é eleito pelas bases, pelos corpos intermédios e pelas elites. São os corpos intermédios e as elites que vão decidir se o líder é eleito pelas bases, pelos corpos intermédios e pelas elites. Pormenor importante, porque vão abdicar, ou pelo menos diluir grandemente, o seu poder actual nessa eleição.

Daí que muitos se interroguem sobre o desfecho da alteração estatutária se o sufrágio fosse por voto secreto. Pessoalmente, penso que as directas passariam na mesma, mas com menor vantagem do que aquela que se verificará amanhã.

Aliás, houve um sinal engraçado. Marques Mendes explanou o tal terceiro argumento e notou-se uma certa descrença no povo social-democrata. Quando terminou com a frase já referida ("o PSD não é uma entidade organizadora de eventos televisivos"), foi utilizando um tom de voz em crescendo, seguido de pausa, daquelas mesmo a pedir aplausos. E a verdade é que estes foram fraquíssimos, sem grande convicção aparente. Quem conhece o PSD (e os outros partidos?) sabe que ninguém gosta de perder sequer um poderzinho, quanto mais o poder de eleger o líder...


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