26 janeiro 2006

A minha resumida versão da noite de 22 de Janeiro de 2006

Com tantos e tão respeitados comentadores no nosso tempo, torna-se difícil escrever algo sobre as eleições do último dia 22 de Janeiro sem cair no erro de repetir o que já foi escrito. Mesmo assim, porque acho que cada um deve ter a sua opinião e não deve temer afirmá-la, deixo aqui alguns pensamentos, em forma de adjectivos comentados, sobre os acontecimentos que marcaram a noite que ditou parte dos próximos 10... perdão, 5 anos do nosso tão querido e (pouco) estimado Portugal.

Histórico o facto de Cavaco ter conseguido, pela primeira vez no nosso país, a totalidade dos votos numa freguesia, exceptuando brancos e nulos. Curioso o facto de recordarem ainda muitos eleitores, que lhe deram o voto, que nunca atacou os adversários, nem mesmo quando foi quase insultado. O povo gosta cada vez mais de polítcos educados e correctos. A vitória antecipadamente prevista terá convertido votos seus em abstenção.

Notável o percurso de Manuel Alegre, tão "gozado" na sua própria forma poética e tão "quase" vitorioso naquela noite. O seu milhão de votos, como agora se vê tantas vezes escrito, conseguido em três meses de trabalho e campanha, foi decisivo para anular o candidato apoiado pelo seu próprio partido. Abada, diria eu, se fosse qualquer um dos dois. A lembrar-me aqueles "Quinje a jero" que aqui escrevi...

Memorável a queda de um "deus" da política, assim se devia chamar a ele mesmo. Talvez a sua esposa acreditasse também nessa "certeza inabalável" que os portugueses, por quem gostou tanto de falar na campanha, desde início, sabiam não ter caminho para percorrer. Não quero minorar todo o seu percurso realizado na minha tenra idade, do qual tenho a noção de dever cumprido. No entanto, nada como saber o fim da estrada que percorremos. Às vezes termina com um abismo... e não era necessário uma figura tão marcante da história recente portuguesa dar um decidido e firme passo para a tamanha queda que se viu.

Regular a prestação de Jerónimo. Manteve-se (bastante) acima do Bloco, contrariando alguns números que lhe anteviram uma queda. Mantém o eleitorado comunista fiel (terá renovação?) e continua a sua defesa pelos tão conhecidos "direitos dos trabalhadores".

Repetitivo esse economista, que já quase não consigo respeitar e mal resisto ao repúdio de o ouvir, clamar vitória. Aliás, a surpresa residirá quando Louçã admitir uma derrota e não quando a obtiver! Tenho a plena convicção que saiu derrotado e apenas o atingir dos mínimos de acesso à subvenção do Estado lhe permitirão poder ocupar-se a continuar a sua política do contra em vez de se dedicar a reunir fundos que pagassem o buraco no Bloco, até agora sólido, salvo uma ou outra brecha.

Miserável a percentagem conseguida por Garcia Pereira. Fui dos que mais defendi a sua batalha pela democracia quando disse ser ignorado pelos media. Tinha o seu direito, por poucos ou muitos votos que tivesse tido nas eleições em que tinha participado anteriormente, de esclarecer o seu projecto e dar a conhecer as suas ideias. O número de assinaturas até podia vir a ser alterado, até acho que seria uma boa medida. Mas ele reuniu as necessárias, segunda a actual lei, para ser candidato.

Preocupante o nível de abstenção que se vai obtendo. A falta de interesse dos jovens e adultos em geral por quem os governa. O meu sentimento face a isto tem vindo a mudar, mas deixarei esse assunto para uma próxima oportunidade.

Repudiante, vergonhoso e ridículo o timming de Sócrates. Não brinquem com os portugueses... Talvez muitos não saibam como se processam as coisas. Mas muitos saberão como funcionam as coisas nas campanhas, nas sedes e nos partidos! Foi sem querer... Claro! Muito mau, ainda, é pararem a crítica em Sócrates e não a estenderem à falta de profissionalismo dos jornalistas que não sabem onde está a informação mais importante, aquela que devem passar. Não escreverei tudo o que acho porque não quero deixar de ser politicamente correcto, mas adianto que alguém tinha que não ceder!

Comments:
Quando disse que Jeronimo se limitou a segurar o eleitorado, nao quis passar ao lado de uma fria análise aos números. Pretendi passar a imagem de uma candidatura estática que, uns pontos percentuais acima ou abaixo, não muda muito. Não deixo de reconhecer, embora não o tenha dito, que Jerónimo subiu porque não tem uma liderança de Carvalhas.

Quanto à abstenção, mantenho que é grave. Não nos podemos conformar com nada porque é menos grave. E esta até foi a maior de sempre nas presidenciais...

Abraço!
 
nigo,

O Giló é moço simpático. Apenas esta virtude lhe valeu dobrar.

Quanto à abstenção, julgo ser aceitável pelas circunstâncias.

Ab!
 
Com estas ou outras circunstâncias, há coisas em que sou casmurro e teórico. A abstenção é uma delas. É daquelas coisas que gera discussões à volta de quotas ou presenças em actos para provar a militância. Assim, "luto" por uma abstenção menor! Utópico, alguns dirão. Sim, mas gosto de pôr as metas bem longe. As fáceis atingem-se num instante!!...
 
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