18 janeiro 2006

Menino Guerrilheiro


Não, não é gralha. É guerrilheiro, mesmo, que queria escrever.

Santana está a tentar adoptar a estratégia de travessia do deserto de Cavaco: intervenções pontuais, de guerrilha. Aparecer de surpresa, ataque fulminante, desaparecer rapidamente na bruma. Foi o que se viu na intervenção recente na campanha presidencial.

Só há duas dificuldades.

Primeiro, será Santana capaz de se manter afastado por largos períodos de tempo? Dito de outra forma, será capaz de manter guerrilha pontual ou entrará em guerras contínuas, com Cavaco, com Carmona, com Marques Mendes, com Sócrates, com outros, com todos?

Segundo, quando Cavaco intervinha, não era apenas um pequeno ataque de guerrilha. Era toda uma bomba que se abatia sobre a política portuguesa (o monstro, a má moeda, etc.). Aliava uma extraordinária capacidade de atrair a atenção mediática a uma enorme solidez de argumentos pertinentes e produzidos no momento exacto. Conseguirá Santana igualar? Será guerrilheiro de peso ou limitar-se-á a umas granadas de fumo? A resposta não está na parte de atrair a atenção mediática - isso sempre lhe foi fácil. A resposta está na pertinência e oportunidade dos argumentos. E para já começou mal.


Comments:
Viva,

Acho curioso que, directa ou indirectamente, reconheças que Cavaco Silva foi, durante estes 10 anos, guerrilheiro! Se fosse outro candidato a dizer isso aposto que Cavaco Silva ficaria muito ofendido. Aliás, como ficou quando Mário Soares disse, em debate, que este era um político de denúncia e não de ideias.

Quanto a Santana Lopes é um peso pluma. É a antítese de Cavaco porque é um bom orador e tem boa imagem. Mas é demasiado impulsivo e não consegue estar longe dos holofotes. Espero que o PSD nunca mais "ofereça" esta personagem para a condução do nosso destino colectivo.

Abraço,
 
Viva,

"No caso de Cavaco Silva, penso que foi a estratégia correcta e não vejo que fosse prejudicial para o país ou para a situação política - pelo contrário."

Concordo que não tenha sido negativa para Portugal - verdade seja dita Cavaco nunca se importou de criticar qualquer partido desde que achasse que algo estava mal - mas o único reparo que faço é que não há contra peso, ou seja, não há depois do discurso destrutivo um discurso construtivo. Pelo menos em ideias novas fugindo a lugares comuns. Nesse aspecto foi um deserto de ideias em 10 anos!

"Nestes 10 anos, Soares falou de mais e, por isso, banalizou-se."

De acordo! É a desvantagem de ser um político impulsivo e um homem frontal e genuíno. A crítica é válida. Só não concordo que passou, durante os 10 anos, a mau da fita. Passou foi a desalinhado e perdeu a aura, talvez injustamente, de moderado. É que criticar abertamente o que não está a correr bem no mundo não é um radicalismo. Eu prefiro a este silêncio podre em que nenhum político main stream tem coragem para dizer o que pensa sobre o mundo.

"Por isso, também, não substimes Santana Lopes."

Meu caro amigo, vamos ser claros. Eu não disse que SL é um cidadão inútil e sem qualidades. Mas as suas características pessoais colocam-no nos antípodas do perfil desejado para PM. Por favor, e sublinho o por favor, façamos os possíveis para que os "nossos" partidos não lancem os Carrilhos e os Lopes para a ribalta. Não sei se reparaste mas desejei, a muito custo, no meu blogue que Carmona ganhasse as eleições em Lisboa.

Abraço,
 
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